1,2 milhões de euros para investigar o autismo

Um consórcio internacional liderado por cientistas da Universidade de Coimbra (UC) vai receber 1,2 milhões de euros da ERA-Net Neuron, a rede financeira europeia para investigações em neurociência, para estudar o autismo.

O líder do projeto é João Peça, que é professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e a equipe inclui cientistas da Alemanha, Bélgica e Suíça que estão investigando as células cerebrais que podem ter maior atividade em pessoas com autismo. .

Num comunicado divulgado pela UC, a investigação incidirá sobre o gene SHANK3 que João Peça diz ser “uma das causas de autismo mais frequentemente diagnosticadas”, mas a investigação incidirá também sobre “as consequências das mutações genéticas”. Durante os três anos de investigação, a equipe terá como objetivo entender quais células cerebrais podem causar autismo, bem como realizar investigações mais profundas sobre as consequências de mutações no gene SHANK3 em pessoas com autismo.

De acordo com o Medline Plus, o gene SHANK3 instrui o corpo a produzir certas proteínas que são mais abundantes no cérebro e desempenham um papel na função das sinapses, que conectam as células nervosas, auxiliando na comunicação entre as células cerebrais, garantindo que todas as informações enviadas pelos neurônios é recebido pelo outro. Durante todos esses processos naturais, os astrócitos são a característica mais importante do cérebro.

desenvolvimento do autismo

João Peça refere que quando os astrócitos são negligenciados, “podem também ter um papel importante no desenvolvimento do autismo”. O professor acrescentou que recentemente os astrócitos foram identificados como fundamentais na formação de circuitos neurais. Assim, “a disfunção dos astrócitos, causada por mutações no gene SHANK 3, pode levar a problemas de formação e maturação de circuitos neurais”, o que pode levar a comorbidades comportamentais e cognitivas.

Durante a investigação, novos métodos serão usados, incluindo camundongos geneticamente modificados e organoides que recriam células cerebrais humanas. Os membros da equipe de investigação são todos especialistas no gene SHANK3 e na biologia dos astrócitos.

João Peça disse que se a mutação SHANK3 impacta no autismo, é possível encontrar e criar “terapias para doenças relacionadas ao neurodesenvolvimento”.

Segundo o site Médis, em Portugal 1 em cada 1.000 crianças, em idade escolar, tem autismo, com predominância nos rapazes. Atualmente, o diagnóstico é baseado em critérios determinados pela Associação Americana de Psiquiatria e são realizados exames em diversas áreas, como linguagem, fala ou na análise do comportamento social.

O autismo não tem cura, mas atualmente, existem métodos seguros para proporcionar aos autistas uma melhor qualidade de vida. Além de trabalhar a autonomia, as pessoas com autismo também podem precisar de apoio familiar ou institucional, mesmo na idade adulta.

Fernão Teixeira

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