Por Catarina Demony e Gabriel Araujo
LISBOA, 24 Abr (Reuters) – Tentando reconquistar investidores estrangeiros cautelosos, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva prometeu nesta segunda-feira restaurar a estabilidade e a credibilidade, convidando portugueses e outras empresas a construir parcerias com suas empresas estatais.
“O Brasil está pronto para se tornar um grande país novamente”, disse Lula a líderes empresariais na cidade de Matosinhos, no norte de Portugal. “O Brasil está pronto para voltar a ser interessante.”
O esquerdista Lula chegou a Portugal na sexta-feira para uma visita de cinco dias, sua primeira à Europa desde que assumiu o cargo de presidente, e está tentando acalmar as preocupações dos investidores sobre suas ambiciosas metas de gastos sociais.
Em evento em Matosinhos que também contou com a presença do primeiro-ministro português, Antonio Costa, e outras autoridades do governo, Lula disse que, para atrair capital estrangeiro, o Brasil precisa de estabilidade política, social e jurídica.
“Sem isso, nenhum investidor vai colocar dinheiro em outro país”, disse, criticando o ex-presidente Jair Bolsonaro por manter o Brasil “isolado do mundo” durante seus quatro anos de mandato.
Ele disse que há oportunidades de investimento estrangeiro em vários setores, incluindo projetos de energia renovável, e disse que o Brasil está em busca de parcerias, destacando um acordo entre a fabricante brasileira de aeronaves Embraer e a empresa aeroespacial portuguesa OGMA para construir uma aeronave aprovada pela OTAN.
As agências de comércio e investimento dos dois países, a portuguesa AICEP e a brasileira APEX, assinaram um acordo de cooperação.
Lula repetiu suas críticas às taxas de juros do Brasil, dizendo que os custos dos empréstimos locais eram muito altos.
“Agora a taxa básica de juros é de 13,75%, ninguém está pegando dinheiro emprestado a 13,75%”, disse Lula.
Lula e outros políticos têm pressionado o banco central independente para cortar as taxas de juros de sua máxima de seis anos, mas o presidente do banco, Roberto Campos Neto, defendeu sua medida como técnica, “não política”.
Lula também reiterou que seu governo não venderia empresas públicas.
“O Brasil nos últimos seis anos vendeu muito patrimônio público não para construir outros bens, mas apenas para pagar os juros da dívida pública”, acrescentou Lula, criticando especialmente a privatização da Eletrobras.
A maior concessionária da América Latina, a Eletrobras, foi privatizada em junho de 2022 pelo governo Bolsonaro, quando o governo diluiu seu controle acionário na empresa em uma oferta de ações de US$ 6,9 bilhões. (Reportagem de Catarina Demony em Lisboa; Reportagem adicional de Gabriel Araujo e Eduardo Simoes; Edição de Bernadette Baum)
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