LISBOA (Reuters) – Turistas de um hotel na ilha portuguesa da Madeira esperavam pacientemente em suas varandas notícias depois que um outro hóspede testou positivo para o coronavírus e eles foram colocados em isolamento.
A hóspede, uma holandesa, chegou na passada quinta-feira e hospedou-se no Hotel Quinta do Sol, no Funchal, a maior cidade da Madeira.
“Todos temos de estar conscientes da gravidade desta situação face ao grande desafio que temos pela frente”, afirmou o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, em conferência de imprensa.
Apesar de este ser o primeiro caso de coronavírus na ilha atlântica, Portugal já soma 448 casos confirmados e reportou esta segunda-feira a primeira morte ligada ao surto.
Um porta-voz do grupo brasileiro Enotel, dono da Quinta do Sol, disse que o hotel tem cerca de 120 hóspedes. Sem dar mais detalhes, o hotel disse à Reuters que agora se prepara para entregar comida nos quartos dos hóspedes.
Fotos e vídeos da Reuters mostraram policiais em frente ao prédio e alguns hóspedes em pé ou sentados nas sacadas de seus hotéis.
O porta-voz disse que a holandesa fazia parte de um grupo maior e não apresentava sintomas quando chegou na semana passada.
O hotel disse que a “situação está sob controle”, mas hóspedes e funcionários não podem mais entrar ou sair do prédio. Não está claro quando os convidados poderão sair.
“Nesta nova fase, o governo (regional) vai tomar todas as medidas para conter esta epidemia na Madeira”, disse Albuquerque, acrescentando que vai informar as embaixadas da “necessidade urgente” de repatriar os seus cidadãos que permaneceram na ilha.
O governo regional anunciou no sábado que todos os passageiros que cheguem à Madeira devem ser colocados em quarentena obrigatória por um período de pelo menos 14 dias para travar a propagação do coronavírus.
Portugal suspendeu na segunda-feira todo o tráfego aéreo e ferroviário de passageiros com a Espanha até 15 de abril. Governo regional da Madeira quer que Lisboa feche as fronteiras a todos os estrangeiros.
Restrições de viagens entre Portugal e Espanha impedem o turismo mas não prejudicam a livre circulação de mercadorias
O governo português declarou na sexta-feira um “estado de alerta” até 9 de abril para combater o coronavírus.
As aulas em todo o sistema de ensino foram suspensas, os navios de cruzeiro já não podem trazer passageiros estrangeiros a bordo, as discotecas encerraram e estão em vigor restrições de lotação para acesso a centros comerciais, restaurantes e esplanadas.
Na tarde de terça-feira, o município de Ovar, no norte de Portugal – onde vivem mais de 50 mil pessoas – tornou-se a primeira região do país a declarar estado de emergência público.
De quarta-feira a 2 de abril, todo o comércio e serviços não essenciais estarão encerrados e haverá restrições à circulação das pessoas, disse o presidente da Câmara Municipal, Salvador Malheiro.
A maioria dos casos confirmados de coronavírus em Portugal concentra-se nas regiões norte e centro do país.
Reportagem adicional de Victoria Waldersee e Sergio Gonçalves, edição de Andrei Khalip, Angus MacSwan e Alexandra Hudson
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