LISBOA, 25 Fev (Reuters) – Milhares foram às ruas de Lisboa neste sábado para exigir melhores condições de vida, em um momento em que a alta inflação torna ainda mais difícil para as pessoas sobreviverem.
Portugal é um dos países mais pobres da Europa Ocidental. Dados do governo mostram que mais de 50% dos trabalhadores ganharam menos de 1.000 euros (US$ 1.054,60) por mês no ano passado. O salário mínimo mensal é de 760 euros.
Os preços dos imóveis em Portugal subiram 18,7% em 2022, o aumento mais rápido em três décadas, e os aluguéis também aumentaram acentuadamente, em parte devido a uma bolha imobiliária especulativa.
Segundo um estudo da corretora de seguros CIA Landlords, salários baixos e rendas altas fazem de Lisboa a terceira maior cidade do mundo. A taxa de inflação de 8,3% em Portugal exacerbou o problema.
No protesto, organizado pelo movimento “Fair Life”, Vitor David, um programador de 26 anos, disse que gostaria de um dia voltar a Lisboa, mas tem de viver mais longe devido ao elevado preço das rendas em a cidade.
“Chegamos a um ponto em nossas vidas em que não temos nenhuma esperança”, disse ele, acrescentando que já havia considerado se mudar para um país europeu mais próspero. “É muito difícil.”
Segundo dados oficiais, cerca de 20% dos portugueses vivem no estrangeiro.
“Estamos aqui para que a nossa voz seja ouvida”, disse José Reis, recém-licenciado mas ainda desempregado.
O movimento Fair Life, iniciado por pessoas nos subúrbios mais pobres de Lisboa, diz que aqueles que já estavam mais fracos antes do aumento da inflação estão sendo os mais atingidos pela atual crise do custo de vida.
Eles querem salários mais altos, um teto de preço para bens essenciais e medidas governamentais para habitação.
Portugal anunciou um pacote abrangente de medidas para lidar com a crise imobiliária na semana passada. Mas grupos de direitos humanos disseram que as propostas significariam pouco se as autoridades continuassem a promover outras medidas para atrair estrangeiros ricos ao país, como o visto de nômade digital lançado em outubro.
(US$ 1 = 0,9482 euros)
Reportagem de Catarina Demony, Miguel Pereira e Pedro Nunes; Editado por Jonathan Oatis
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