Por Sérgio Gonçalves
LISBOA (Reuters) – O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, foi criticado nesta sexta-feira por partidos de oposição portugueses que questionaram sua independência política depois que o primeiro-ministro socialista demitido apresentou o nome de Centeno como seu possível sucessor.
Antonio Costa renunciou na terça-feira depois que promotores prenderam seu chefe de gabinete como parte de uma investigação sobre supostas ilegalidades na gestão de projetos de energia verde por seu governo, dizendo que Costa era alvo de uma investigação relacionada. Ele nega qualquer irregularidade.
Na quinta-feira, disse que o seu Partido Socialista sugeriu ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que nomeasse Centeno, um respeitado decisor político do Banco Central Europeu e antigo ministro das Finanças, como o novo primeiro-ministro como alternativa a eleições antecipadas. O presidente convocou novas eleições para 10 de março.
“Esta é mais uma prova, mas desta vez muito mais grave, da falta de independência (de Centeno)”, disse aos jornalistas Joaquim Miranda Sarmento, líder da principal oposição social-democrata.
Um porta-voz do banco central não quis comentar.
Os partidos da oposição já tinham questionado a passagem de Centeno do Ministério das Finanças para o banco central em Julho de 2020, durante o segundo mandato de Costa.
O deputado da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, disse que o facto de Costa ter sugerido que Centeno poderia assumir o poder mostra que “o Partido Socialista pensa que é dono de tudo, que confunde o Estado com o partido”.
Alguns outros legisladores também reclamaram das “portas giratórias” para funcionários do governo que deixam empregos políticos para trabalhar numa empresa ou banco, ou vice-versa.
(Reportagem de Sergio Gonçalves, edição de Andrei Khalip e Alex Richardson)
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