O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse que a posição oficial de Portugal sobre a questão palestiniana estava a mudar, lembrando aos estudantes que protestavam que Portugal tinha recentemente tomado uma posição oficial a favor de a Palestina se tornar membro de pleno direito da ONU.
Por ocasião do aniversário do poeta português Luís de Camões, o presidente falou segunda-feira com estudantes da Universidade de Coimbra que se manifestavam pela causa palestiniana perto da Faculdade de Letras – encontro que depois partilhou com Jornalistas em volta.
“Temos de reconhecer que a realidade está a mudar e a posição do governo português já mudou”, disse de Sousa, notando que os que protestam contra a intervenção militar israelita na Faixa de Gaza e pelo reconhecimento dos palestinianos querem que as coisas avancem mais rapidamente.
De Sousa lembrou que na conversa com os alunos disse-lhes “duas coisas importantes”. Estas incluem que Portugal “tomou recentemente uma posição pela primeira vez a favor da adesão da Palestina às Nações Unidas” e “assinou recentemente uma declaração a favor de um cessar-fogo” na Faixa de Gaza.
Sobre o apoio de Portugal à adesão da Palestina à ONU, disse: “Isto nunca aconteceu antes. A Palestina só tem estatuto de observador.” Os países, incluindo Portugal, votaram “esmagadoramente” a favor.
“Como membro pleno [Palestine] agora tem assento ao lado dos estados membros que fazem parte das Nações Unidas”, acrescentou.
Na tarde de segunda-feira, o presidente fez um discurso na universidade a dezenas de jovens manifestantes que apoiam a causa palestiniana, sublinhando a posição de Portugal a favor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e da admissão da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas.
Ao contrário do primeiro-ministro Luís Montenegro, que tinha chegado momentos antes, o chefe de Estado partiu agora ao encontro dos manifestantes.
Durante cinco minutos ouviu um dos manifestantes exigir o reconhecimento diplomático imediato de um Estado palestiniano por parte de Portugal e o “fim da cumplicidade da Universidade de Coimbra” com o Estado israelita e o “massacre” do povo palestiniano.
Após esta declaração, o presidente pediu emprestado um microfone aos manifestantes e em menos de um minuto expressou a sua posição sobre a realidade atual na Palestina.
Os estudantes acampam em frente à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra desde 21 de maio, exigindo “o fim do genocídio em curso na Palestina ocupada”.
Num comunicado de imprensa enviado à Lusa no final de maio, os manifestantes exigiram que a universidade “se comprometa com um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em todo o território palestiniano ocupado”, incluindo o hasteamento da bandeira palestiniana na torre do colégio e o encerramento de todos os programas, acordos e protocolos com empresas, instituições e universidades israelenses, “bem como a rejeição de qualquer financiamento do currículo acadêmico pelo Estado de Israel”.
De acordo com outro comunicado do início de junho, o movimento Estudantes de Coimbra pela Palestina acusou então a universidade de aumentar o número de seguranças privados na zona, de negar aos estudantes o acesso às instalações da universidade e de “intimidar e assediar” os seguranças.
(Pedro Morais Fonseca – editado por Pedro Sousa Carvalho | Lusa.pt)
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