Este artigo faz parte do nosso relatório especial do projeto GOALSCORE sobre o combate à violência doméstica através do futebol.
Em Portugal, onde a violência doméstica continua a ser um problema largamente subestimado, há grandes esperanças de que o futebol possa desempenhar um papel crucial na mudança da percepção e resposta da sociedade ao abuso.
O Associação Portuguesa de Futebol (FPF) e o Associação de Apoio à Vítima (APAV) informam que a sua cooperação no contexto da União Europeia está a produzir resultados HISTÓRICO DE GOLOS Projeto.
No âmbito desta iniciativa, que visa identificar casos de abusos e combater a violência de género entre os jovens, a FPF tem apostado em sessões de treino com equipas envolvendo jogadores, treinadores e todo o staff.
A associação organiza campanhas de comunicação dirigidas a segmentos do público-alvo da FPF e que podem ser influenciadas pela visibilidade dos seus atletas, de forma a sensibilizar para o tema.
“O futebol é por excelência um desporto colectivo e comunitário onde se consolidam valores e empatia. O vestiário pode e deve ter um espaço seguro, ponto de partida para solução de problemas. Se a formação for realizada de acordo com a metodologia ensinada neste projeto, os espaços para a violência de género e a importância da denúncia segura podem ser desbloqueados e trazidos à atenção”, disseram representantes da FPF à Euractiv.
O impacto do futebol no país é significativo e a APAV apoia treinadores e profissionais do desporto com ferramentas para identificar, prevenir e responder à violência de género e/ou ajudar os jogadores a reconhecer comportamentos considerados violentos.
“Esta parceria com a FPF visa criar um ambiente seguro no qual as mulheres jovens, em particular, possam praticar desporto sem medo de discriminação ou abuso.”
Mudança social
Embora o fenómeno da violência baseada no género seja complexo, o projecto já está a fornecer resultados iniciais nesta área. A FPF afirma que estes esforços chamaram a atenção da sociedade civil, dos meios de comunicação social e de outros meios.
“A crescente participação de jogadores, treinadores, técnicos e dirigentes em busca de informação e oportunidades para analisar e discutir o problema da violência de género tem sido muito interessante”, disseram representantes da FPF à Euractiv.
A mudança comportamental na sociedade é um processo difícil, argumentam os activistas da APAV, mas a introdução do GOALSCORE levou a uma maior consciencialização nas comunidades desportivas, particularmente entre os jovens atletas e suas famílias.
“Os pais e treinadores têm demonstrado maior interesse em abordar estas questões nas suas equipas, reflectindo o crescente reconhecimento social da importância de abordar a violência baseada no género no desporto.”
Um bom exemplo disso é o Festival de Futebol Feminino, onde mais de 900 jogadoras participaram em actividades educativas destinadas a promover uma melhor compreensão da violência baseada no género.
Importância da educação
Analisando os ensinamentos retirados desta experiência única, em que uma associação de futebol e uma ONG de defesa dos direitos humanos uniram esforços para fazer a diferença, a FPF admitiu que o processo foi bastante intenso, tendo um representante afirmado: “[…] não só ao nível das nossas seleções através dos métodos aprendidos no GOALSCORE, mas também através da formação dos quadros da FPF e dos nossos parceiros. O debate sobre a violência de género estende-se agora a todas as áreas e não se limita apenas à equipa que lidera o projeto internamente.”
Para a APAV, foi uma oportunidade para reforçar o importante papel do desporto na mudança social, particularmente no combate à violência de género. A chave para tudo isto é integrar a educação sobre a violência baseada no género no treino desportivo.
“O projecto destacou lacunas na consciencialização sobre o que constitui violência baseada no género, especialmente entre os jogadores mais jovens. Alguns participantes não reconheceram comportamentos como o controle das redes sociais como formas de abuso. Isto reforçou a necessidade de educação continuada no ambiente desportivo e do desenvolvimento de ferramentas práticas e de fácil utilização para treinadores e atletas”, afirmou a APAV.
Recursos e Diretrizes para Vítimas
Para indivíduos que sofrem violência baseada no género, a APAV oferece vários recursos importantes. Para ajuda imediata, as vítimas podem contactar a linha direta gratuita e confidencial “116 006”. A APAV também oferece brochuras informativas e recursos online que explicam como reconhecer sinais de violência baseada no género, fornecem dicas sobre como apoiar as vítimas e fornecem contactos para apoio adicional.
No contexto desportivo, os treinadores e dirigentes de equipa são encorajados a manter canais abertos de comunicação com os jogadores e a estar vigilantes na detecção de possíveis casos de violência. As vítimas podem aceder a apoio jurídico, psicológico e social através dos serviços da APAV.
Mais um recurso desenvolvido em colaboração com a APAV Instituto Português do Desporto e Juventude (Instituto Português do Desporto e Juventude) é o “Manual para a proteção de crianças e jovens no desporto“.
Este manual centra-se na proteção de menores em ambientes desportivos e visa prevenir a violência, incluindo a violência baseada no género, através da educação e de intervenções estruturadas.
Destaca os riscos que as crianças e os jovens enfrentam no desporto, define diferentes tipos de violência e fornece orientações sobre como os treinadores e profissionais do desporto podem identificar e responder a situações suspeitas de abuso.
O manual também descreve estratégias para promover um ambiente desportivo seguro e inclusivo e enfatiza a importância da intervenção precoce para proteger o bem-estar físico e emocional dos jovens atletas.
[Edited By Brian Maguire | Euractiv’s Advocacy Lab ]
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