Uma vitória do bloco de direita nas eleições gerais de domingo em Portugal é o cenário mais provável, mas há incerteza sobre se será necessário um acordo com o partido de extrema-direita Chega, dizem dois analistas políticos contactados pelo parceiro da Euractiv. podem ser surpresas.
O povo português irá votar no domingo (10 de março) para decidir a era política depois do socialista António Costa, que governa o país desde 2015 e renunciou em novembro passado em meio a uma investigação de corrupção de alto nível.
Em conversa com o parceiro da Euractiv Lusaanalistas políticos Marco Lisi e Adelino Maltês previu uma vitória para a Aliança Democrática (DA), coligação entre o PSD (EVP), o CDS-PP (EVP) e o PPM (monarquistas), o que abre a possibilidade de acordos com a IL (liberais) ou mesmo o Chega (extrema-direita). ID permite).
De acordo com as previsões do Europe Elects, estima-se que o bloco DA de direita receba 31% dos votos, seguido pelos socialistas com 29%. Os Liberais (IL) estão nos 6%, enquanto o Chega, de extrema-direita, deverá atingir os 18%.
“O mais previsível é que o bloco de direita terá a maioria”, disse Lisi, professor e investigador de ciências políticas no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
“Temos então que ver o equilíbrio interno entre os diferentes partidos de direita, ou seja, se a AD com a Iniciativa Liberal (IL) consegue finalmente obter a maioria sem que o Chega faça parte da solução governativa, ou se tem maioria relativa. “O Chega é necessário para que o futuro governo tenha maioria absoluta”, acrescentou.
Com base nas últimas sondagens, o investigador considera estes dois cenários os mais previsíveis, embora se diferenciem em termos de estabilidade governativa.
O PSD (EPP), partido que partilha o poder com os socialistas (PS) desde a revolução de 25 de Abril, regressaria ao poder.
“No primeiro caso [DA and IL with an absolute majority]No segundo caso, poderiam existir condições para um governo com maior estabilidade [DA and IL with a relative majority]“É mais complicado porque o líder da DA já disse que não formaria uma coligação governamental que incluísse o Chega e uma situação em que um governo de direita seja viável será sempre muito provisória”, disse Lisi.
O papel do extremista de direita Chega
No entanto, acrescentou que poderá haver “surpresas”, como uma maioria de direita, mas com o PS socialista a obter mais votos do que o DA, embora isso seja improvável dadas as sondagens recentes.
As surpresas já fazem parte da vida política portuguesa depois das últimas eleições gerais de 2022, quando um empate técnico nas diversas sondagens resultou na maioria absoluta dos socialistas.
“Ainda há muitos eleitores indecisos e o equilíbrio pode mudar nos últimos dias da campanha eleitoral”, alerta Lisi.
Se os socialistas obtiverem mais votos, o PS deverá tentar formar governo e a AD “provavelmente” substituirá Luís Montenegro na liderança, pelo que não está claro quem será o seu sucessor e qual a estratégia que seguirá.
Num tal cenário, segundo Lisi, o PSD ficaria numa posição “muito difícil” e correria o risco de ser “esmagado” pelo Chega, que seria visto como “o verdadeiro partido da oposição” se os sociais-democratas fizessem um acordo com o PS .
Por outro lado, se o PSD fizer um acordo com o Chega, será “constantemente chantageado” e o líder do Chega, André Ventura, poderá jogar o “trunfo” ao ser a chave para a viabilidade do governo.
Maltez, professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) e cientista político, acredita que no dia seguinte às eleições “vai acontecer o que a maioria das democracias europeias tem: governos negociais”.
Adelino Maltez considera que o cenário mais provável corresponde à “tradição dos últimos 50 anos de democracia”: “Um partido dito social-democrata e um partido dito socialista-democrata constituem a grande maioria do Parlamento português”.
“Se há instabilidade a culpa é destas duas partes, que se conhecem muito bem e podem ter soluções com as quais não necessariamente concordam”, acrescenta.
O professor universitário sublinha que existe uma lógica de estabilidade entre PS e PSD, que “essencialmente sempre concordam” e que este é “o grande fator de estabilidade da democracia portuguesa”.
Quanto à eventual necessidade de um acordo com o Chega para viabilizar um governo de direita, o investigador acredita que pode não ser necessário. Porém, se for esse o caso, o Ministério Público tem “uma solução muito simples”:
“Ou admite pagar ao PS pela estabilidade, ou aceita uma solução que também é democrática, e isso está a acontecer em vários países da Europa.” [which is] Partidos como o Chega estão a entrar no arco governamental.”
(Maria João Pereira |Lusa.pt – Editado por Sarantis Michalopoulos | Euractiv.com)
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