Ministro da Saúde envolvido em nova controvérsia de ‘incompatibilidade’.

Manuel Pizarro no processo de “dissolução” da consulta de saúde

O novo ministro da Saúde de Portugal, Manuel Pizarro, está envolvido em mais uma controvérsia sobre suposta incompatibilidade apenas algumas semanas depois de assumir o cargo.

Primeiro, foi o fato de sua esposa ser Presidente da Ordem dos Nutricionistas, o que é “regulamentado” pelo Ministério da Saúde. Essa “polêmica” parecia fabricada de várias maneiras, mas Pizarro foi rápido em cortar as críticas pela raiz, dizendo que todas as negociações com a ordem de sua esposa seriam tratadas por sua ministra das Relações Exteriores, Margarida Fernandes Tavares, e não por ele mesmo.

Isso poderia ter sido satisfatório não fossem as revelações de que até Margarida Fernandes Tavares recebeu pagamentos de empresas farmacêuticas no passado – incluindo Merck Sharp & Dohme, Gilead Sciences e Janssen Cilag – segundo o tabloide Correio da Manhã.

Agora vem a notícia de que o Sr. Pizarro tinha uma empresa de consultoria que trabalhou para várias empresas farmacêuticas, incluindo a Gilead Sciences.

Isso não cai bem, embora o ministro assegure que está em processo de “dissolução” da empresa.

O comentador de TV Paulo Baldaia diz à SIC que, no geral, os cidadãos têm uma clara impressão de que o governo pode fazer o que quiser.

“O governo pensa, quando cabe, o que a lei diz conta, ponto final – como no caso do Ministro da Coesão Territorial. Nessa situação, a ética não foi considerada. Mas depois chegamos ao ministro da Saúde, e a lei pode esperar um pouco… Os portugueses aferram-se à ideia de que a maioria absoluta permite tudo”, disse.

Baldaia acrescentou que duvidava muito que o governo se comportasse assim se estivesse em coligação/aliança (como foi o caso nos primeiros anos do governo de António Costa).

O esquerdista Bloco de Esquerda denunciou a situação como um “enorme erro político” mostrando “arrogância”, enquanto o direitista CHEGA pediu a demissão de Manuel Pizarro e até apresentou queixas ao Ministério Público e ao Tribunal Constitucional.

No entanto, a rescisão/demissão é muito improvável. Questionado sobre o assunto por jornalistas na noite de ontem, o presidente Marcelo contextualizou a situação, dizendo: “Abstratamente é muito simples. Quando alguém tem uma incompatibilidade que realmente é uma incompatibilidade – não sei se é verdade ou não – pelo exercício de funções incompatíveis com o exercício de cargo público, seja ele qual for, o que deve ser feito imediatamente – caso já não tenha sido feito – é a solução do problema problema. E há duas maneiras de resolver isso, uma é sair da função pública, a outra é sair da função privada.

Já está claro qual opção o ministro da Saúde vai tomar.

natasha.donn@portugalresident.com

Marco Soares

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