LISBOA, 23 de setembro (Reuters) – Portugal atingiu um superávit orçamentário de 0,8% do produto interno bruto no primeiro semestre de 2022, ante um déficit de 5,7% no ano passado, disse o Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta sexta-feira, apesar de abandonando uma previsão de déficit de um ano.

Numa atualização dos procedimentos de défice excessivo do país reportados a Bruxelas, o INE disse que o défice orçamental deste ano deve diminuir para 1,9% do PIB – conforme orçamentado pelo governo – de 2,9% em 2021.

A alta inflação contribuiu para o superávit do primeiro semestre, assim como a continuação da recuperação econômica, com as receitas fiscais subindo 20,7%, disse o INE.

A inflação portuguesa atingiu 9% homóloga em agosto, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, mais do dobro dos 4% previstos no orçamento de 2022.

O INE disse que em janeiro-junho deste ano a receita total subiu 12,4%, enquanto os gastos caíram 3%.

Com a inflação a pesar sobre o consumo privado, a economia perdeu dinamismo no segundo trimestre, mas continuou a crescer fortemente, 7,1% face ao ano anterior, depois de crescer 11,8% no primeiro trimestre.

O Banco de Portugal estima que a economia cresça 6,3% este ano.

Filipe Garcia, economista da consultora Informação de Mercados Financeiros, disse que “o ambiente de execução orçamental de Portugal continua a ser excecional e talvez irrepetível”, uma vez que o forte crescimento e a inflação elevada geram importantes receitas de consumo, produtos energéticos e imobiliário.

Ao mesmo tempo, a despesa está prevista a preços de 2021, num contexto de baixo desemprego e juros da dívida ainda em níveis muito baixos, disse.

Ele disse que 2023 “será muito mais desafiador em todos os sentidos e deve exigir cautela adicional” do governo.

Reportagem de Sérgio Gonçalves; editado por Andrei Khalip e Catherine Evans

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