Brasil luta contra o racismo no exterior

LISBOA: As autoridades brasileiras estão usando a primeira visita de seu presidente à Europa desde sua eleição para aumentar a conscientização e lutar contra a discriminação racial enfrentada pela comunidade brasileira em Portugal e em outros lugares.

A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, foi uma das autoridades que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua missão era trazer discussões sobre racismo para a mesa.

“Não vamos conseguir resolver os problemas de 523 anos com apenas uma visita, mas espero que possamos seguir em frente porque é para isso que estamos aqui”, disse Franco a repórteres no domingo, referindo-se a séculos de opressão dos negros.

Franco é irmã de Marielle Franco, vereadora negra do Rio de Janeiro que lutou por justiça racial e foi morta a tiros em 2018.

Quando eleito, Lula disse que queria atacar o racismo e o legado da escravidão no Brasil. Os navios portugueses transportaram quase 6 milhões de africanos escravizados para a escravidão. A maioria foi para o Brasil.

O principal grupo de direitos humanos da Europa disse anteriormente que Portugal deve enfrentar seu passado colonial e seu papel no comércio transatlântico de escravos para combater o racismo e a discriminação no país hoje.

“Vamos construir um futuro sem esquecer as dívidas do passado”, escreveu Franco no Instagram. “Vamos construir um futuro onde a cooperação entre os países seja mútua para alcançar justiça e reparação.”

Em carta endereçada a Lula no domingo, a associação de migrantes Casa do Brasil, com sede em Lisboa, disse que os casos de discriminação contra brasileiros em Portugal estão aumentando.

Um estudo da Casa do Brasil constatou que 91% dos brasileiros em Portugal, município com cerca de 300 mil habitantes, já sofreram algum tipo de discriminação no acesso aos serviços públicos.

Franco reuniu-se com a ministra portuguesa dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, no sábado, para discutir medidas de combate à injustiça racial.

Ambos os governos concordaram com uma estratégia nacional para combater o racismo.

“Temos que fazer isso”, disse Franco.

Nicole Leitão

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