Crianças lisboetas que vivem nos bairros de lata

Sem contratos de energia elétrica ou condições básicas de vida, essas famílias enfrentam sérias dificuldades.

Debruçado sobre Belém, em Lisboa, o Segundo Torro, na Trafaria, surgiu há 40 anos. O que começou como uma comunidade piscatória que cresceu ao longo do tempo, é hoje o maior bairro de lata de Lisboa, onde vivem pessoas a viver em condições chocantes.

Porque as casas são ilegais, a eletricidade fornecida através de contratos de eletricidade continua a ser um sonho para os moradores que têm de roubar eletricidade dos candeeiros da EDP para obter eletricidade. Esta situação precária causou sérios problemas que levaram a que a situação fosse condenada em todos os meios de comunicação em janeiro, na sequência de uma situação que fez com que os moradores passassem mais de 70 horas no escuro.

Naqueles dias frios de inverno, várias crianças relataram que, quando viviam no escuro, era muito difícil comer comida fria e tinham medo de que seus irmãos mais novos caíssem e se machucassem porque não podiam ver nada, Xana Gonzalez Leal, presidente e coordenador da Cova do Mar, disse notícias portuguesas.

“Distribuímos tochas para que as crianças pudessem brincar”, disse ele. No entanto, não foi suficiente para impedir que coisas cruéis acontecessem. “Tivemos uma mãe que estava perturbada porque tinha antibióticos na geladeira para seu bebê de um ano, e os antibióticos ficaram obsoletos porque não havia eletricidade. É difícil de acreditar, mas esta realidade ainda existe em Portugal”, acrescentou Xana.

Direito de jogar

Fundada há cinco anos para dar apoio a crianças em bairros degradados, a Fábrica dos Sonhos levantou esta questão e está a ajudar as crianças com a missão de “criar um centro pós-escolar gratuito”.

“Existe um negócio em torno da felicidade e das brincadeiras infantis, onde os pais compram pacotes de felicidade que podem ser acampamento de verão, festas de aniversário ou festas pós-escolares, para garantir que seus filhos fiquem felizes com as atividades educativas”, disse Xana Gonzalez Leal, presidente. coordenador da Fábrica dos Sonhos.

Por isso decidiram criar uma associação para defender o artigo 31.º da convenção sobre os direitos da criança, que afirma que as crianças têm direito a férias e feriados e “o Estado é obrigado a promover esta actividade”, disse.

No entanto, em nossa sociedade, esse direito não é dado a todas as crianças. “Não há solução para crianças cujos pais não podem pagar”, disse ele. Assim, a Fábrica dos Sonhos nasceu do sonho de criar um centro pós-escolar gratuito.

Impacto social

Xana é licenciada em economia e trabalhou durante vários anos neste setor, mas com o passar do tempo Xana começou a sentir a necessidade de encontrar a sua missão na vida e foi aí que encontrou o trabalho humanitário.

“Fiz um curso de monitoria de acampamento de verão e depois decidimos em agosto de 2015 montar um acampamento de verão” – assim nasceu a associação Cova do Mar, com uma missão que nenhuma criança tem que pagar para brincar.

“Foi muito espontâneo, foi algo que veio do coração e, no meu caso, foi uma mudança radical. Não tenho mais planos de longo prazo, só faço o que faz sentido cada vez”, acrescentou.

Depois, foi a vez da Fábrica dos Sonhos. “Já estávamos aqui na Covoa do Vapor e, até então, fazíamos tudo ao ar livre. Foi numa reunião com a Câmara de Almada, com a equipa de intervenção social, que sugeriram desenvolver o projeto e começar a dar mais apoio à filhos. filho de Segundo Torro”.

Apesar do enorme impacto social na sociedade, a Fábrica dos Sonhos ainda não consegue chegar a todas as crianças que precisam de ajuda. “Infelizmente não conseguimos alcançar todas as crianças da favela. Dos 3.000 residentes, só temos, neste ano letivo, 35 vagas. Não é suficiente”, lamentou.

Mostre amor

Pode não ser muito, mas cada filho que eles têm recebe dedicação total. “Nosso trabalho não é só abrir a porta, mas abrir a porta, abraçar, apoiar, saber como eles estão, com o que estão lutando no momento”, disse Xana.

Em seu trabalho, eles também tentam envolver a comunidade em geral, por exemplo, por meio da polícia. “Tivemos momentos em que a GNR Trafaria se juntou à Cova do Mar em acrobacias divertidas. Tentamos envolvê-los no nosso trabalho para desvendar a ideia de que as crianças podem ter GNR”, disse.

Por exemplo, no Dia das Bruxas, “geralmente vão assustar a GNR na esquadra, se os assustarmos bem ganham jujubas, se não os assustarmos bem, a GNR recebe jujubas. No ano passado era impossível lá ir pessoalmente, por isso a GNR veio à Fábrica dos Sonhos e os miúdos tiveram de ganhar jujubas num desafio da PlayStation com a polícia”.

Nos últimos cinco anos, a Fábrica do Sonhos acolheu 112 crianças. Funciona de terça a sexta das 15h30 às 19h30 e aos sábados de manhã e conta com doações e assistência voluntária, já que atualmente só tem condições de pagar uma pessoa por salário.

Notícias de Portugal tentamos contactar a Câmara de Almada para pedir esclarecimentos sobre esta questão social, mas até ao momento não obtivemos resposta.

Fernão Teixeira

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