Greve paralisa hospitais no Algarve

“Temos escolas encerradas, temos taxas entre 60% e 70% ao nível dos auxiliares educativos e também há elevadas taxas de aprovação em relação aos hospitais e centros de saúde”, disse Catarina Marques, coordenadora sindical da União do Algarve.

O dirigente sindical falou de um “sintoma de descontentamento geral” entre os trabalhadores do sector público que “já existia e crescia” com o “aumento brutal do custo de vida, dos preços dos bens e serviços essenciais, da inflação e das taxas de desemprego, das taxas de juro das empréstimos à habitação”.

“Os trabalhadores começam a ver que apesar do seu trabalho não conseguem cobrir as suas despesas, por isso lutam e não aceitam a inevitabilidade”, disse Catarina Marques.

A greve, convocada hoje pela Frente Mista dos Sindicatos da Administração Pública/CGTP-IN, pede o aumento imediato dos salários de todos os trabalhadores; fortalecimento dos serviços públicos; melhorar a progressão na carreira e revogar o Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) e controlar os preços dos bens essenciais e tributar os lucros extraordinários das empresas.

Ao final da manhã, as unidades de Faro, Portimão e Lagos do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) registaram serviços “praticamente parados e outros [stopped] a 100%”, disse Sónia Lopes, do Sindicato dos Enfermeiros de Portugal.

“Temos serviços mais importantes que estão fechados, outros com manutenção mínima. Remédios, consultórios, ortopedia só garantem cuidados mínimos”, enfatizou, lembrando que só havia equipes de emergência nas salas operatórias e que as salas operatórias também estavam fechadas.

Nos serviços básicos de urgência de Loulé e Albufeira, a prontidão para greve aumentou para 100%, acrescentou.

No Algarve, a participação dos enfermeiros na greve da função pública foi “praticamente 80%, [an adhesion] muito clara a insatisfação desses profissionais, destacou.

No sector da educação, Lígia Martins, do Sindicato dos Professores da Zona Sul, revelou que o Colégio D. Afonso III e o Colégio São Luís, ambos em Faro, bem como o Agrupamento de Silves Sul (JI de Tunes, Armação de Pêra, Pêra e EB1 de Tunes e Pêra) encontram-se encerradas.

O dirigente sindical denunciou que alguns professores “foram obrigados por algumas direções a prestar serviço mínimo numa greve que não os tinha”.

“Temos conhecimento de diretores que se dirigiram a todos os integrantes dos grupos escolares para realizar exatamente essa coerção. A partir de segunda-feira vamos apurar essas situações, que consideramos irregulares e que violam o direito de greve dos trabalhadores, e vamos agir em conformidade”, frisou.

Rosa Franco, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, alertou também para a mesma situação relativamente aos auxiliares da ação educativa.

“Muitos deles são impedidos de entrar em greve. Não fomos obrigados a realizar nenhum trabalho mínimo, portanto, os funcionários não devem realizar nenhum trabalho mínimo. Estamos chateados, denunciamos a situação. Por conta dessa situação, temos algumas escolas funcionando”, explicou.

Por seu lado, Bruno Luz, do sindicato dos administradores locais, disse que a greve nos municípios algarvios “vai rondar os 75%” e chamou a atenção para um problema que “já se verifica” nas autarquias.

“Existem trabalhadores [in local authorities] que atualmente não conseguem se sustentar, que pedem ajuda aos colegas para poderem se sustentar. O governo precisa ver esses trabalhadores como pessoas dignas e não apenas mais um número. (…) Os salários praticados hoje em Portugal na administração pública, nas autarquias, deixam barrigas vazias”, disse.

Marco Soares

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