* A nomeação de juízes é uma vitória do presidente
* O antecessor tentou manter o poder sobre o tribunal
* A rivalidade dentro da coalizão pode aprofundar a paralisia política
KINSHASA, 21 de outubro (Reuters) – Três juízes constitucionais escolhidos pelo presidente congolês Felix Tshisekedi foram empossados na quarta-feira após meses de atraso, concedendo-lhe maior influência em questões legislativas e eleitorais e irritando seu parceiro de coalizão.
As nomeações marcam uma grande vitória de Tshisekedi sobre seu antecessor de longa data, Joseph Kabila, que busca manter o comando do tribunal de nove juízes desde que assumiu o cargo em 2019. Cada homem agora provavelmente tem quatro juízes apoiando-o, disseram analistas.
Tshisekedi e Kabila formaram um governo de coalizão após as disputadas eleições na RDC de 2018, mas sua parceria azedou.
A posse de juízes pelo parlamento pode aumentar sua divisão, disseram analistas, dificultando potencialmente os esforços para resolver os muitos problemas econômicos e de segurança do Congo e atrair investimentos em suas minas de cobre, cobalto e ouro, campos de petróleo e vastas florestas.
Tshisekedi exibiu um sorriso e um sinal de V para a vitória ao entrar no parlamento na quarta-feira para uma cerimônia adiada por meses de debates sobre a legalidade das nomeações.
“Reconheço seu juramento e os parabenizo”, disse ele aos juízes após o juramento.
A coalizão política de Kabila, a FCC, que controla o Senado e a Assembleia Nacional, disse que as nomeações eram inconstitucionais e boicotou a cerimônia.
O presidente nega que Tshisekedi tenha criado espaço na corte ao demitir um juiz antes do fim de seu mandato e promover outros dois contra sua vontade para outro tribunal.
“As nomeações e substituições dos juízes envolvidos… são nulas e sem efeito”, disse a FCC em um comunicado na terça-feira.
Um maior escrutínio do tribunal poderia proteger o presidente do impeachment e fortalecer sua mão na defesa contra os desafios políticos da legislatura controlada pela FCC.
Também pode aumentar as tensões políticas, embora ainda não haja sinais de um colapso total no relacionamento de Tshisekedi e Kabila. Alguns analistas dizem que é do interesse de ambos os partidos manter sua aliança à tona antes das eleições presidenciais de 2023.
“Isso imediatamente cria mais paralisia e teremos tensões entre as partes no curto prazo”, disse Vincent Rouget, analista da consultoria de segurança londrina Control Risks.
Grupos da sociedade civil se opõem a nomeações políticas para o judiciário, independentemente de quem esteja no comando. Alguns disseram que esperavam que a era de influência esmagadora do presidente chegasse ao fim quando o governo de 18 anos de Kabila terminasse.
“Substituir juízes sob ordens de Kabila por juízes sob ordens de Tshisekedi não promove o estado de direito”, disse LUCHA, um grupo de jovens ativistas, no Twitter. (Reportagem de Stanis Bujakera e Hereward Holland Escrita por Hereward Holland Edição de Edward McAllister e Philippa Fletcher)
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