Milhares protestam em Lisboa pelos direitos dos animais em meio a disputa constitucional

Por Catarina Demony e Miguel Pereira

LISBOA (Reuters) – A dona de um cachorro, Sandra Almeida, fez uma longa viagem à capital portuguesa, Lisboa, neste sábado, para se juntar a milhares de pessoas que saíram às ruas para dar voz aos animais enquanto o Tribunal Constitucional avalia se os maus-tratos a animais de estimação devem ser classificados como um crime.

“O judiciário (o sistema) não pode ignorar a passagem do tempo”, disse Almeida, 52, enquanto as pessoas assobiavam e gritavam palavras de ordem. “Muitos animais fazem parte de nossas famílias hoje e nada justifica crimes horríveis”.

Almeida, que tem cinco cães de resgate, viajou cerca de 250 km (155 milhas) da cidade de Aveiro, no norte de Portugal, para a demonstração, organizada pelo grupo Animal Intervention and Rescue (IRA).

O procurador de Portugal pediu ao Tribunal Constitucional na quarta-feira para declarar inconstitucional uma lei que criminaliza o abuso de animais com multas ou prisão.

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Segundo os promotores, o tribunal já proferiu decisões apontando a suposta inconstitucionalidade da lei. Em uma ocasião, o dono de um cachorro que jogou seus filhotes em uma lata de lixo foi inicialmente condenado, mas depois absolvido.

O tribunal argumenta que a constituição do país não pode proteger animais de estimação como humanos, informou o jornal Expresso.

Depois que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, foi criticado pelo IRA por não se manifestar sobre o assunto, ele disse em um comunicado no sábado que uma lei que pune o abuso de animais era um “requisito inegável”.

Em cima de um caminhão coberto de fotos de gatos, cachorros e cavalos abandonados, o presidente do IRA, Tomas Pires, disse a um mar de manifestantes que estava nas mãos de todos proteger os animais.

Filipe Vicente, dono de um cão e gato de 45 anos, descreveu a situação atual com uma faixa como um “revés infame”.

“Acho que esse é um dos principais sinais de uma civilização que se diz desenvolvida, mas não o é”, disse Vicente.

(Reportagem de Catarina Demony e Miguel Pereira; Edição de David Holmes)

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Nicole Leitão

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