Os eleitores portugueses não responderam aos apelos a um “voto útil” nas eleições gerais de domingo, resultando no “parlamento mais fragmentado de sempre” e do qual o partido de extrema-direita Chega emergiu como o “grande vencedor”, segundo especialistas políticos que trabalham com Os parceiros da Euractiv intervieram. Lusa.
Com base nos resultados publicados à data da publicação deste artigo, o partido de centro-direita Aliança Democrática (DA) – uma coligação entre o PSD (EVP), o CDS-PP (EVP) e o PPM (Monarquistas) – está à frente com 29,5 por cento dos votos em primeiro lugar e recebe 79 dos 230 assentos da legislatura.
“A AD ganhou as eleições”, disse o líder da DA, Luís Montenegro, aos seus apoiantes na manhã de segunda-feira, apelando aos outros partidos políticos para “acomodarem o desejo do povo português”. Reuters relatado.
Segundo a Secretaria-Geral do Ministério do Interior – Administração Eleitoral e “Votos da Europa”, os Socialistas (PS) são o segundo partido mais votado, com 28,7 por cento (77 lugares), seguidos do extremista de direita Chega, com 18,1 por cento. (48 lugares).
O Chega tem atualmente 12 assentos e quadruplicou o seu poder.
Na última legislatura, os socialistas tiveram maioria absoluta.
De acordo com dados oficiais, 66,24 por cento dos eleitores registados votaram nas eleições antecipadas de domingo, a taxa de não-eleitores mais baixa dos últimos 20 anos.
O parlamento mais fragmentado de sempre
“O resultado mostra que os portugueses não responderam ao apelo a uma votação significativa e optaram por votar honestamente porque temos o Parlamento mais fragmentado de sempre. Temos de olhar para 1985, quando PS e PSD juntos tinham menos de 64%”, disse à Lusa a cientista política Marina Costa Lobo.
Numa altura em que os resultados finais ainda não estão apurados e os resultados nos círculos eleitorais estrangeiros ainda não estão apurados, o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) destacou que ainda não é sabe-se, por exemplo, se a Aliança Democrática ficará em primeiro lugar e se ganhará mais votos e assentos do que uma “Geringonça de esquerda”.
“Isto cria uma enorme incerteza, um período de incerteza não só em termos de instabilidade, mas também em termos de formação de governo”, disse ela.
Marina Costa Lobo sublinhou que as eleições de domingo foram muito concorridas. Ao contrário de 2022, quando o PS obteve maioria absoluta devido ao “voto útil para evitar uma maioria de direita”, desta vez a decisão foi tomada para “devolver aos políticos e parlamentares a capacidade de formar alianças”.
Acrescentou que estas alianças dependeriam não só de quem forma o governo, mas também da “acção do Presidente da República e da acção dos partidos”.
Está à vista um bloco centrista para isolar o Chega?
O cientista político destacou que mais de um milhão de portugueses votaram no Chega, que se tornou numa “força consolidada que irá influenciar o trabalho da Assembleia da República”.
Sublinhou que resta saber se PS e PSD se apoiarão mutuamente, opondo-se e isolando o líder do Chega, André Ventura, ou se será trilhado um caminho para “aumentar a polarização entre esquerda e direita, nesse sentido” que o PSD deve ser deixado ao Chega e que não devem ser construídas pontes entre esquerda e direita.”
Ventura, por seu lado, disse que a votação de domingo “mostrou claramente que os portugueses querem um governo da AD com o Chega” e destacou que o Montenegro será responsável por qualquer instabilidade política caso recuse negociações.
Quanto ao papel do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Marina Costa Lobo acredita que uma vitória do PS em termos de mandatos seria “uma desilusão muito grande para o Presidente da República”, e quanto ao Chega, o chefe de Estado irá “Tudo Fazer todo o possível para chegar a um acordo dentro do bloco centrista que exclua este partido.
O Presidente da República convocou novas eleições para novembro de 2023, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, e negou ao PS, que tem maioria absoluta no Parlamento, a oportunidade de nomear um novo chefe de Governo.
António Costa Pinto, investigador do ICS-UL, acredita que “o Chega foi o grande vencedor da noite”. O partido não só conseguiu crescer, mas também estruturar-se a nível nacional porque os mandatos que recebeu foram distribuídos de forma homogénea a nível nacional “e porque permitiu uma vitória à AD”.
No que diz respeito aos possíveis cenários de formação de governo, o investigador considera um governo de coligação entre a AD e a Iniciativa Liberal como o cenário mais provável, assumindo que a coligação PSD/CDS-PP/PPM acaba por ter mais deputados do que o PS.
“Portugal está habituado a ter governos minoritários. O efeito novidade é o Chega, um partido antissistema que tem crescido muito”, sublinha António Costa Pinto, prevendo que é improvável uma coligação de Esquerda no curto prazo se a AD tiver mais deputados e, juntamente com a IL, mais assentos parlamentares do que o Esquerda.
O secretário-geral do Partido Socialista Português (PS) afirmou na manhã desta segunda-feira que lideraria a oposição e não apoiaria o governo no parlamento.
A ascensão do Chega em Portugal reflecte uma tendência geral em toda a UE antes das eleições europeias em Junho. Alto A Europa escolhe De acordo com as previsões, a extrema direita da UE será provavelmente a terceira força política no novo Parlamento Europeu.
(Maria João Pereira | Lusa.pt – Editado por Sarantis Michalopoulos, Alice Taylor | Euractiv.com)
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