Os santos mais populares são Santo Antônio, São João e São Pedro, comemorados nos dias 13, 24 e 29 de junho, respectivamente. Estes santos são venerados pelos portugueses, mesmo pelos menos fiéis.
As comemorações começam na noite anterior com animadas festas de rua conhecidas como “arraiais”.
Durante os festejos, as ruas enfeitam-se com bandeiras coloridas e flores de papel, e o aroma a sardinha assada e outros pratos típicos portugueses impregna o ar. É também costume beber “sangria” ou uma cerveja tradicional. Os dias quentes de junho pedem uma bebida refrescante.
No dia da festa, as procissões religiosas acontecem nas principais praças da cidade, onde as pessoas se reúnem para homenagear os santos. As procissões são frequentemente conduzidas por uma estátua do santo, seguidas por fiéis que carregam velas e outras oferendas.
O primeiro santo a participar das comemorações é Santo Antônio. Lisboa tem outro encanto nesta época: as pessoas saem à rua e em cada esquina acontecem vários arraiais, onde o cheiro a sardinha assada e a música tradicional portuguesa o saúdam.
A noite mais esperada é a 12 de junho, os “Alfacinhas” desfilam até à Avenida da Liberdade para ver o desfile das “Marchas Populares”, onde os bairros lisboetas se vestem com vestidos coloridos e desfilam pela avenida ao som de música e danças tradicionais. Este desfile é cheio de cor, balões tradicionais, arcos decorados e boa disposição.
Esta data é tão importante na capital que cada distrito começa os preparativos já em janeiro. A população se reúne para preparar as coreografias e figurinos que usarão durante o desfile. Esses ensaios também servem para unir os vizinhos e manter décadas de tradição. É uma competição muito séria, mas também muito divertida e animada para os espectadores.
O Santo António é conhecido como o santo dos casamentos, pelo que este dia é escolhido por muitos casais para celebrar o seu casamento. Em 1958 iniciou-se a tradição das Noivas de Santo António. Pela primeira vez o casamento de vários casais aconteceu na igreja da padroeira. O objetivo desta iniciativa era permitir que casais com maiores dificuldades financeiras se casassem, e esta tradução continua até hoje.
Os santos populares são um momento de grande alegria e festa em Portugal e estão profundamente enraizados na identidade cultural do país. Eles reúnem as pessoas para celebrar suas tradições e desfrutar da companhia de amigos e familiares.
À medida que as celebrações em Lisboa diminuem, as celebrações no Porto aumentam para o São João. Tal como o Santo António em Lisboa, o São João no Porto é uma das épocas mais importantes para os cariocas.
Uma das tradições mais importantes do São João é o acendimento das fogueiras. As fogueiras costumam ser acesas na noite de 23 para 24 de junho e a população se reúne para acender as fogueiras. Uma tradição antiga onde se acreditava que pular a fogueira trazia boa sorte, saúde e fecundação, daí o ditado que se deve pular a fogueira de mãos dadas com os namorados para abençoar uma futura família.
Na noite de 23 de junho, o céu sobre o Porto estará mais claro, vários balões coloridos decolarão – uma experiência inesquecível para todos os participantes.
Mas não podemos falar do São João sem falar do alho francês e do macete de plástico. Se passar por alguma das ruas do Porto no dia 23, não se assuste se for atingido na cabeça por um maço de plástico. Esta é uma tradição divertida da qual as pessoas gostam de participar. Em meados do século 19, quando a tradição começou, as pessoas colhiam alho-poró nas ruas e os colocavam atrás da porta quando chegavam em casa, acreditando que era a ruína de sua família protegida dos espíritos o ano todo.
A história dos martelinhos, que conquistou muitos adeptos, surgiu há 60 anos, durante uma viagem ao exterior, quando o dono de uma fábrica de brinquedos, inspirado por um saleiro que viu no exterior, resolveu fazer um brinquedo em forma de fole com cabo e um apito. Nesse mesmo ano, antes da Queima das Fitas, um grupo de alunos foi à fábrica e pediu o brinquedo de mais barulho. O empresário, orgulhoso de sua nova criação, sugeriu o martelo de plástico. O brinquedo fez tanto sucesso que os lojistas encomendaram para o São João do ano seguinte e, na brincadeira, nasceu uma tradição.
Estes martelinhos tornaram-se um dos maiores símbolos do São João, ajudando a identificar a festa entre portugueses e estrangeiros. O som característico e o facto de ser uma boa desculpa para “quebrar o gelo” com estranhos fazem deste brinquedo a estrela da festa.
Em suma, a festa de São João em Portugal é uma grande festa popular que se realiza por todo o país, mas é especialmente celebrada na região norte. É uma festa alegre, animada e aguardada com ansiedade pelos cariocas.
Finalmente, e pouco antes do final do mês, chega a Basílica de São Pedro, celebrada especialmente nas regiões costeiras do país por ser a padroeira dos pescadores. Os barcos são enfeitados com flores e estandartes em homenagem a São Pedro para protegê-los no mar. Além disso, várias coroas de flores são lançadas ao mar em homenagem aos pescadores que perderam a vida.
À semelhança de outras festas, não faltam música folclórica, sardinhas, trajes tradicionais e danças típicas.
Outro símbolo comum a todos os santos são as cantigas folclóricas e os manjericões. Esta é a planta oficial desta temporada. A tradição remonta a décadas, quando os amantes davam às namoradas um pote de barro cheio de manjericão como símbolo de apego. A namorada que recebeu o manjericão teve que cuidar dele o ano todo até a festa do ano seguinte, para que junto com o manjericão o amor continuasse.
Mas cuidado, cuidar dessa planta não é uma tarefa fácil porque o manjericão é uma planta muito delicada, dizem até que murcha só com o cheiro direto.
As festas dos santos populares acontecem por todo o país e até quem não gosta de grandes ajuntamentos participa, seja em casa com a família e amigos num churrasco e música portuguesa.
Por último, importa realçar que as festas em honra dos santos populares em Portugal são um momento de alegria e fraternidade entre os povos, evidenciando um forte sentido de comunidade e solidariedade. As festas são uma parte importante da cultura portuguesa. Para quem não conhece o nosso país, aqui está uma fantástica oportunidade para conhecer algumas das nossas tradições e costumes e sentir o coração e a alma do povo português.
Autora: Cláudia Ferreira
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