O governo minoritário de centro-direita de Portugal aprovou uma série de medidas anticorrupção mais duras na quinta-feira. Isto também significa que os tribunais podem confiscar os bens dos suspeitos mesmo sem condenação criminal.
Antigos primeiros-ministros, políticos, banqueiros, empresários e juízes portugueses foram implicados em várias investigações de corrupção de alto nível nos últimos anos. O partido de extrema-direita Chega capitalizou essas investigações. “Haverá uma luta incansável contra a corrupção em Portugal”, disse o primeiro-ministro Luis Montenegro em conferência de imprensa.
A lei portuguesa já permitia o confisco de bens em casos de corrupção, crimes económicos e financeiros e terrorismo, mas isso exigia uma condenação criminal. As novas regras permitirão que os tribunais prossigam com as apreensões se estiverem “convencidos” de que os bens do suspeito estão ligados à corrupção. Eles poderão fazer isso sem um veredicto de culpa, disse a ministra da Justiça, Rita Judice.
“Eles (a sociedade) precisam entender que a corrupção não vale a pena”, acrescentou Judice. As regras devem ser aprovadas pelo Parlamento, mas Judice disse que o governo, que venceu por pouco as eleições parlamentares em Março, consultou os partidos da oposição e vários sectores do sistema judicial.
Mas alguns já apontaram o dedo à medida. Mariana Leitão, do partido Iniciativa Liberal, argumentou que isso prejudicaria o princípio jurídico da presunção de inocência e o direito à propriedade privada. “Nunca apoiaremos isso”, disse Leitão.
Portugal ficou em 34º lugar entre 180 países no mais recente Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional. Um inquérito Eurobarómetro de 2023 concluiu que 93% dos portugueses acreditam que a corrupção é generalizada. A agência anticorrupção do Conselho da Europa, GRECO, afirmou em Janeiro que Portugal permanecia numa situação “geralmente insatisfatória” na implementação das suas recomendações.
As medidas também incluem regulamentos sobre lobbying e um limite ao número de recursos para evitar que os casos se arrastem durante anos nos tribunais sem que seja tomada uma decisão final. O governo também planeja melhorar a proteção dos denunciantes. O último caso de grande repercussão envolveu o antigo primeiro-ministro socialista António Costa, que se demitiu em Novembro no meio de uma investigação de corrupção sobre alegadas ilegalidades na gestão de vários grandes investimentos pelo seu governo.
Costa negou qualquer irregularidade, nunca foi acusado de qualquer crime, e o Tribunal da Relação de Lisboa e o Provedor de Justiça português afirmaram que a investigação se baseou mais em especulação do que em provas.
(Esta história não foi editada pela equipe do Devdiscourse e é gerada automaticamente a partir de um feed distribuído.)
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