Na barriga de aluguel, os interesses da criança e da mãe de aluguel colidem. Assim o diz a Comissão Portuguesa de Bioética. No entanto, o governo quer regulamentar ainda mais a prática.
Se os pais pretendidos entrarem em conflito com o substituto de seu filho, a criança deve ter três pais: o substituto e os pais pretendidos. Assim o diz o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida num relatório de consultadoria ao governo português. Suponha que uma substituta cancele o contrato e assim fique com a criança. Nesse caso, os pais biológicos podem solicitar a inclusão de seu nome na certidão de nascimento da criança.
O relatório consultivo vem em resposta a um projeto de lei que permitiria a barriga de aluguel altruísta. Nessa prática, uma mulher carrega um bebê sem nenhum interesse financeiro. Embora a barriga de aluguel tenha sido legalizada em 2016, o Tribunal Constitucional considerou algumas partes da lei inconstitucionais, levando a um impasse que tornou nulos os acordos de barriga de aluguel. O governo português e o Comitê de Bioética acreditam que essa situação precisa mudar.
Um tópico importante nesta discussão é o que é conhecido como tempo de reversão. Afinal, o que fazer quando uma barriga de aluguel se arrepende da decisão de doar o filho? De acordo com o Tribunal Constitucional, uma mãe substituta deve ter o direito de manter a criança em tal situação. De acordo com o atual projeto de lei, uma criança deve ser registrada até 20 dias após o nascimento. Se um substituto se arrepender, o intervalo pode ser usado para resolver quem é o dono da criança.
Embora o Comitê de Ética não goste da ideia de tais batalhas de custódia, eles apoiam esse padrão. Cita a Convenção sobre os Direitos da Criança, que estabelece que uma criança deve ser registrada imediatamente após o nascimento e tem direito a um nome, nacionalidade e pais. No entanto, argumenta o conselho de saúde, “em um caso especial como a barriga de aluguel, temos que conciliar esse direito com os interesses e direitos fundamentais da gestante”. o bebê.
Para evitar “arrependimentos” e batalhas pela custódia, o comitê recomenda oferecer apoio psicológico à barriga de aluguel o tempo todo. Além disso, o comitê argumenta que, idealmente, uma mãe de aluguel já deu à luz seu próprio filho. De acordo com os especialistas em ética, uma futura mãe de aluguel deve buscar uma recomendação da Associação Médica e da Associação de Psicólogos.
exaustão
O facto de o Ministério da Saúde português ter solicitado um parecer pode ser descrito como notável. Os planos para regulamentar a barriga de aluguel existem há anos, mas o governo não tem pressa. A lei foi aprovada em 2021 e deve entrar em vigor em 2022. Isso não aconteceu, no entanto, porque o governo perdeu vários prazos, para grande aborrecimento das organizações de barriga de aluguel.
Segundo a Associação Portuguesa de Fertilidade, muitos futuros pais perderam a paciência e procuram refúgio no estrangeiro. Cláudia Vieira, Presidente da APFertilidade, ao diário português Journal de Noticias que o governo está empurrando os cidadãos para situações de “esgotamento emocional e psicológico” e apenas deixando que tentem ser pais no setor privado ou em outros países.
Incomum
Até à invasão russa, a Ucrânia era o principal destino dos casais portugueses. Logo após a invasão Journal de Noticias dá conta de que 100 casais portugueses já tinham pago uma barriga de aluguer ucraniana e não sabiam o que iria acontecer às crianças após o nascimento. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores português criou uma “solução extraordinária” que permitia às mulheres ucranianas viajar para Portugal e dar à luz seus bebês lá. Segundo o Jornal de Notícias, pelo menos 22 crianças obtiveram a nacionalidade portuguesa desta forma.
Embora o projeto de lei não tenha sido tornado público, segundo o Ministério da Saúde, a proposta está em “fase final”. O projeto de lei será agora finalizado e encaminhado ao Conselho de Ministros.
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