As violações de valores fundamentais do Estado de direito levaram a 107 despedimentos, reformas forçadas e expulsões na polícia portuguesa desde 2019, disse esta terça-feira o ministro do Interior, José Luís Carneiro.
Parlamentares ouviram Carneiro na terça-feira Ouvir sobre alegadas violações do estado de direito, incluindo a proliferação de discursos racistas, xenófobos, misóginos e de ódio na força policial e práticas de vigilância.
Carneiro apresentou as conclusões da PSP, a polícia civil do país que se destaca nas vilas e cidades, e da GNR, a força militar que exerce funções de policiamento nas zonas rurais e nas localidades de menor dimensão.
“Entre 2019 e novembro de 2022, 107 militares da PSP e da GNR foram despedidos, reformados e afastados do serviço. 36 deles foram demitidos, reformados à força e afastados do serviço entre maio e novembro deste ano”, disse o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, numa audição sobre práticas policiais solicitadas por vários partidos da oposição.
Carneiro assegurou aos deputados que “a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), o comando da GNR e a PSP têm trabalhado de forma sistemática, séria e consistente para melhorar o recrutamento, a formação, a informação, a sensibilização, a vigilância e a sanção das atitudes e comportamentos individuais prevenir aqueles que atentam contra os valores do Estado Democrático de Direito”.
O ministro disse ainda que os inspectores da IGAI vão realizar formação em matéria penal da magistratura ao longo do próximo ano.
A audição com o ministro surge na sequência de uma reportagem de um consórcio português de jornalismo de investigação constituído por jornalistas, advogados e académicos de que cerca de 600 membros da PSP e da GNR, a maioria no activo, terão alegadamente utilizado as redes sociais para infringir a lei de escrita racista e mensagens de ódio.
Após a divulgação do relatório, o governo anunciou que a IGAI iria iniciar uma investigação sobre este caso de publicações das forças de segurança nas redes sociais supostamente incitando o ódio e a violência.
Ao mesmo tempo, a Procuradoria-Geral da República anunciou que iniciou uma investigação sobre essas publicações.
“As notícias que surgem após a pesquisa jornalística devem ser objeto de uma ação política clara, resoluta, resoluta e consistente”, frisou o ministro.
José Luis Carneiro disse ter dito à IGAI “para lançar prioritariamente uma investigação conduzida com rigor, isenção, imparcialidade e independência, que apure com objetividade os factos, as suas origens e ligações, a sua natureza e proponha decisões”.
“Claro, porque temos que evitar confundir a parte com o todo. Estou convicto de que a esmagadora maioria dos mais de 40.000 polícias e polícias militarizados de todos os níveis hierárquicos luta todos os dias pela defesa dos valores constitucionais e do Estado de Direito”, disse, sublinhando que “a todo o custo, tomar partido sobre uma questão tão delicada na vida civil” deve ser evitada.
O ministro falou ainda sobre a posição e decisões da GNR e da PSP sobre esta matéria, nomeadamente a implementação do plano de prevenção de manifestações de discriminação nas forças e serviços de segurança, aprovado em março de 2021 e coordenado pela IGAI.
Segundo o ministro, este plano concretiza e concretiza um vasto leque de acções em cinco áreas de intervenção “consideradas prioritárias”, nomeadamente recrutamento, formação, interacção com os cidadãos, promoção da imagem e comunicação das forças de segurança, bem como mecanismos de prevenção, monitoramento e sanção.
O ministro manifestou ainda “profunda confiança nas forças de segurança que garantem que Portugal continua a ser um dos países mais seguros do mundo”.
(Célia Paulo/Lusa.pt)
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