“A história espanhola sempre esteve ligada às crises da dívida pública. Podemos sempre tropeçar na mesma pedra, mas nunca nos devemos apaixonar por ela”, afirmou o economista José Carlos Díez – sempre identificado como um economista “progressista” – no final de uma conversa com Lorenzo Bernaldo de Quirós, sempre identificado como um economista liberal. No final da conversa, Bernaldo de Quirós perguntou a Díez o que faria para reduzir a dívida pública espanhola, que é de 110% do PIB. A resposta não pode ser perdida:
“Com níveis de endividamento tão altos, eu não tocaria no IRPF (imposto de renda), mesmo que o impacto seja enorme, mas os rendimentos de capital sim. Espanha precisa de abrir um debate calmo e não ideológico e ver o que os seus concorrentes estão a fazer no estrangeiro. O capital está a tornar-se cada vez mais móvel e temos um país vizinho chamado Portugal, que tem um governo de esquerda, que é um governo estável, e que implementou uma política de eliminação de impostos sobre o capital e rendimentos elevados, e está a funcionar como gangbusters . Desde a chegada de António Costa em 2015, o investimento em bens de capital empresarial nas contas nacionais aumentou 42%, 18% na zona euro e 15% em Espanha. Portugal cresceu em investimento três vezes mais que a Espanha, e eles eram de esquerda. Temos que ir para lá.
E do lado da despesa, em condições de inflação de 2-3%, basta apenas conter a despesa. Cometeste um erro em termos de pensões em 2023, que nos vai custar muito porque é cumulativo e para o futuro, por isso não cometa mais um erro… De 2019 para cá a Espanha até aumentou a despesa pública no PIB em cinco pontos , isso não faz sentido. Os gastos aumentaram devido a esta pandemia e todos aceitamos isso, mas em 2020. Em 2021 poderíamos ter tido mais alguns meses, mas em 2022 não há desculpa. Devemos olhar para as compras por compras e quem desperdiça deve ser afastado do Governo, sem piedade… A história de Espanha sempre esteve associada às crises da dívida pública. Você sempre pode tropeçar na mesma pedra, mas nunca deve se apaixonar por ela.”
“Explorador. Organizador. Entusiasta de mídia social sem remorso. Fanático por TV amigável. Amante de café.”