O governo português vai destinar 5 milhões de euros do Fundo do Ambiente para campanhas de sensibilização e soluções de emergência para combater a grave seca que se alastrou pelo país, anunciou quarta-feira o ministro do Ambiente e da Proteção do Clima, João Matos Fernandes.
Matos Fernandes anunciou a medida à margem da conferência final do Projeto E+C – Mais Economia Circular, financiado pela CIP – Confederação das Empresas Portuguesas, no Teatro Thalia, em Lisboa.
Questionado sobre a paralisação da geração de energia em cinco barragens, ele disse que há uma hierarquia “bem definida” em relação ao principal uso da água do reservatório, que é o “consumo humano”.
“É isso que precisamos proteger em primeiro lugar, e está protegido. Há água suficiente nas albufeiras de Portugal para dois anos de consumo humano mesmo que nunca chova, o que é um cenário impensável”, acrescentou Matos Fernandes.
Segundo o ministro, a decisão de deixar de produzir electricidade em cinco barragens até segunda-feira evidencia um aumento do nível da água da barragem do Alto Lindoso em dois metros e da barragem de Castelo de Bode em 12 centímetros.
“A seca em Portugal, como já disse várias vezes, não é cíclica, é estrutural. Nos seis anos em que sou Ministro, houve um ano em que não foi necessário decretar medidas de proteção contra a seca, que foi no ano passado”, frisou.
A primeira de cinco reuniões presididas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para avaliar as medidas técnicas contra a seca decorreu esta quarta-feira no Algarve, seguindo-se as restantes sub-regiões hidrográficas.
No início de fevereiro, o governo restringiu o uso de várias barragens para geração de energia e irrigação agrícola devido à seca em Portugal continental.
Para já, existem quatro barragens cuja água só é utilizada para gerar energia eléctrica durante cerca de duas horas por semana de forma a “garantir níveis mínimos de manutenção do sistema: Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém).
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entretanto, apelou à utilização sustentável da água e à prevenção do desperdício, lavagem de automóveis e enchimento de piscinas privadas, apesar de um abastecimento público seguro.
Desde 1º de fevereiro, a produção de energia em cinco barragens está paralisada devido à falta de água nos reservatórios, chuvas significativamente abaixo da média e para garantir as quantidades necessárias para usos prioritários.
(Maria João Pereira, Célia Paulo, Lusa.pt)
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