Portugal subiu uma posição no Índice de Percepção da Corrupção 2021 da Transparência Internacional, apontando o dedo para uma estratégia anticorrupção que deixa de fora o poder político e o Banco de Portugal.
fou a representação portuguesa da organização internacionalPor exemplo, a existência de uma estratégia nacional de combate à corrupção pode ter ajudado Portugal a subir uma posição do 33º para o 32º lugar no índice anual.
“Bom ou ruim, temos uma estratégia. Obviamente, apesar dos esforços do governo na elaboração desta estratégia, o impacto não foi tão forte justamente porque a estratégia é pouco ambiciosa e não se aplica aos órgãos de soberania e, portanto, não afeta aqueles que são as instituições fundamentais da democracia e que combatem a corrupção”, disse à Lusa a presidente da Transparência Internacional Portugal, Susana Coroado.
“A corrupção política fica de fora, os altos cargos ficam de fora, e isso não transmite uma imagem de boa liderança, de liderança pelo exemplo e, por outro lado, leva a que áreas problemáticas na prevenção da corrupção sejam deixadas de fora”, acrescentou.
Coroado defendeu que o foco deve ser a prevenção, melhorando a gestão de conflitos de interesse, a identificação de riscos e a disponibilização de informações pelas instituições públicas, facilitando assim uma maior participação da sociedade civil na tomada de decisões e monitoramento.
“Os riscos de uso indevido de fundos, apropriação indébita de fundos, influenciadores intervindo para registrar indevidamente a distribuição de fundos, é importante tomar essas medidas preventivas desde o início”, disse ela.
Portugal ocupa o 32º lugar com 62 pontos em 100, empatado com a Coreia do Sul e abaixo da média da UE de 64 pontos. O Índice 2021 da Transparência Internacional é liderado pela Dinamarca e Nova Zelândia com 88 pontos, junto com a Finlândia. Na parte inferior estão a Síria e a Somália com 13 pontos e o Sudão do Sul com 11 pontos.
“Se você olhar para o que Portugal alcançou nos últimos 10 anos, [it] mostra uma estagnação preocupante, mesmo considerando que a corrupção é uma das principais preocupações dos cidadãos. As autoridades públicas devem fazer mais para responder às preocupações dos cidadãos e às necessidades do regime democrático”, argumentou Coroado.
De acordo com o Índice de Percepção da Corrupção 2021, um quadro de estagnação está surgindo na UE. Cita exemplos de países onde o estado de direito está em declínio, como Hungria e Polônia, onde o judiciário é cada vez mais controlado por poderes políticos e onde o dinheiro da ajuda tem sido distribuído de forma “opaca”, beneficiando empresas filiadas ao governo e municípios.
Para Susana Coroado, “a tendência de estagnação na Europa é muito preocupante” porque estamos a assistir “uma tendência para o recuo do Estado de direito, para o recuo dos valores e instituições democráticas. A corrupção é um dos principais fatores que corroem essas instituições e a confiança dos cidadãos.”
(Irina Melo/Lusa.pt)
“Leitor. Praticante de álcool. Defensor do Twitter premiado. Pioneiro certificado do bacon. Aspirante a aficionado da TV. Ninja zumbi.”