LISBOA (Reuters) – Portugal pode ter que nacionalizar sua companhia aérea TAP e outras empresas duramente afetadas pelo impacto econômico do surto de coronavírus, disse o primeiro-ministro Antonio Costa nesta terça-feira.
A TAP foi parcialmente privatizada em 2015 e o Estado ainda detém 50% das ações.
“Não podemos descartar a necessidade de nacionalizar a TAP ou outras empresas absolutamente essenciais para o país. Não podemos arriscar perdê-los”, disse Costa ao jornal português Observador.
“Esta é uma crise de saúde que se transforma numa crise económica e não podemos permitir que piore”, disse ele.
No mês passado, a TAP anunciou que iria despedir temporariamente cerca de 90% dos seus colaboradores devido à crise do coronavírus, que provocou uma queda na procura de viagens.
O consórcio privado Atlantic Gateway, liderado pelo empresário brasileiro-americano David Neeleman, detém 45% das ações da TAP, sendo os restantes 5% detidos por colaboradores da TAP.
O ministro das Finanças português e chefe do Eurogrupo, Mário Centeno, disse na noite de segunda-feira, em declarações ao canal de televisão TVI, que a nacionalização da TAP também poderia ser uma opção.
“Certamente não descartaremos qualquer possibilidade de resposta aos desafios”, disse Centeno. “A TAP enfrenta desafios únicos, mas há muitas formas de intervir sem passar por aí (nacionalização), mas esta pode ser uma delas”.
Portugal tem mais de 16.900 casos confirmados do vírus e 535 mortes notificadas.
A TAP terminou o ano passado com a melhor posição de tesouraria de sempre, apesar de ter registado um prejuízo anual líquido de 106 milhões de euros.
De acordo com notícias veiculadas na comunicação social alemã em Fevereiro, a Lufthansa alemã e a companhia aérea norte-americana United Airlines estão a considerar uma aquisição conjunta da TAP.
Costa disse que “houve interesse de uma empresa”, mas neste momento está “em espera” porque as companhias aéreas estão “a pensar em como sair desta pandemia e não em novos investimentos”. (Reportagem de Catarina Demony, reportagem adicional de Sergio Gonçalves, edição de Susan Fenton)
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