“Precisamos atuar na questão dos encaminhamentos dos pacientes para os serviços de emergência e aqui me refiro à questão dos casos azul e verde [where bracelets are assigned]. Este é um tema que se discute em muitos sítios, mas sempre adiado por ser um tema impopular”, afirmou o Diretor Executivo do SNS, Fernando Araújo, na abertura da primeira edição do “SNS Summit”, que decorre no auditório Magna do Hospital de Santa Maria em Lisboa.
Mas, garantiu, a direção do SNS vai “tomar este assunto que tem de ser tratado. É um assunto que certamente vai ser discutido. É um assunto que já não pode ser adiado”.
Em declarações a diretores clínicos, médicos e enfermeiros, entre outros, Fernando Araújo sublinhou que é uma área que está a ser aprofundada e que o executivo vai “tomar as ações que têm de ser tomadas para poder alterar este sistema”.
Segundo o responsável, Portugal tem um “excesso de consumo” de cuidados de saúde em relação às doenças agudas e é preciso “poder influenciar e alterar este processo e também oferecer educação e formação na gestão dos percursos de saúde”.
“A porta de emergência não pode ser o primeiro lugar para onde as pessoas vão quando têm uma patologia aguda clinicamente e a responsabilidade recai sobre nós”, disse ele.
Na sua opinião, é preciso encontrar “outras portas antes da emergência” para responder a situações menos urgentes, sendo os cuidados de saúde primários fundamentais.
“Felizmente temos equipas de profissionais, médicos, enfermeiros mas também nutricionistas, psicólogos e outros que são equipas excecionais com enorme capacidade e temos de nos conseguir organizar para responder de forma diferente às doenças agudas menos graves”, disse.
Por outro lado, argumentou, há “um caminho a percorrer” no que diz respeito à gestão das camas hospitalares e do tempo médio de internamento.
“Não é possível continuarmos tendo pacientes no pronto-socorro com leitos vazios no hospital. E essa é uma mudança que precisa ser alcançada”, afirmou.
O diretor-executivo disse que uma equipa da Comissão Europeia a ajudar Portugal a planear a situação teria, pelos seus cálculos, mais de 2.000 camas por dia se o atraso médio de internamento fosse semelhante ao do melhor hospital de cada grupo no país.
A especialidade de medicina de urgência, não aprovada pela Ordem dos Médicos, foi outra das preocupações que Fernando Araújo defendeu, por se tratar de uma “medida importante” que a direcção “seguiria seguramente” para criar condições para ser possível.
Aludindo às emergências nas grandes cidades, disse que é algo que está a ser implementado no país “por vezes com dificuldades, com limitações, mas com resultados concretos”.
Numa mensagem vídeo, a Presidente da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, defendeu que “o atual modelo de acesso, centrado no hospital, está profundamente errado ou ultrapassado”.
“E se isso é verdade em teoria, aparece ainda mais na vida cotidiana de um país com óbvias divisões sociais e também com óbvias assimetrias regionais. Isto significa, entre outras coisas, que é imperioso implementar uma verdadeira reforma dos cuidados de saúde primários e domiciliários que valorize o trabalho de equipa de todos os profissionais envolvidos e destrua quintas e quintais”, disse Ana Rita Cavaco.
Ainda numa mensagem vídeo, o Presidente da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, centrou a sua intervenção na alta dos doentes cujo problema clínico muitas vezes já está resolvido e que aguardam resposta médica, sendo este um dos principais desafios que têm de enfrentar. lidar com a resolução do lidar com emergências.
“É importante lembrar que em meio a todas essas mudanças, em meio a todas essas dificuldades, precisamos pensar e manter sempre a atenção voltada para a pessoa”, afirmou.
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