Produtores e promotores de espetáculos querem esclarecimentos sobre as novas diretrizes para eventos culturais.
“É muito confuso. Em todas as fases dessa pandemia, começamos a sentir os efeitos dessa má comunicação muito antes de a medida ser implementada”, disse a agente Rafaela Ribas, da associação Espectacle, que representa os agentes e fabricantes, afirmando ter solicitou mais informações à Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC).
O promotor lvaro Covões, da Associação dos Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), disse ainda à agência da Lusa que foi pedido esclarecimento ao IGAC, à Direção-Geral da Saúde (DGS) e ao Ministério da Cultura, pois todos estavam “um pouco confuso”.
“Estamos tentando ter certeza, com quem decide e quem está no comando, quais são as regras”, disse ele.
Em causa está a promulgação, na quarta-feira, 1 de dezembro, de novas medidas para conter a propagação do coronavírus, incluindo orientações sobre a apresentação de teste negativo para eventos culturais, que são realizados ao ar livre ou em recinto fechado.
A atualização da orientação 028/2020 sobre eventos culturais, publicada no site da DGS, indica que para entrar em tal evento, deve apresentar certificado digital, comprovativo de vacinação completa ou comprovativo de exames laboratoriais (para quem não está vacinado).
Esta diretriz remete algumas especificidades para outro documento, Diretrizes DG 014/2021 – ainda não divulgada -, sobre eventos de grande porte, sejam esportivos, corporativos ou culturais.
De acordo com estas orientações, acessíveis à agência da Lusa, “são considerados eventos desportivos, eventos que não têm lugar marcado, eventos que impliquem a mobilidade de pessoas por diferentes espaços ou eventos que decorrem em espaços temporários ou espaços improvisados, grande dimensão, de 5.000 pessoas ao ar livre ou 1.000 dentro de casa”.
A DGCA considera que para assistir a este evento de grande envergadura é necessário apresentar atestado de vacinação, comprovativo de recuperação da doença ou comprovativo de exames laboratoriais, mas abrem-se exceções para “eventos culturais permanentes no local”.
Para as duas associações de promotores e produtores de espetáculos contactadas pela Lusa, as regras não são totalmente claras, tendo em conta os diferentes tipos de espaços e eventos culturais, capacidade, se é público em pé ou sentado e se é ou não. inclusive bebendo.
“Acontece que se mantêm as regras do teatro com posição sentada, nomeadamente com certificados de vacinação e uso de máscaras. Com uma cadeira de pé, seria melhor. [access] com teste negativo” para todos, considerou lvaro Covões.
Rafaela Ribas lamenta a falta de clareza nas mudanças anunciadas, com efeitos imediatos na compra de ingressos ou no adiamento e cancelamento de shows.
“Esse cancelamento começou há três ou quatro semanas quando as pessoas começaram a falar sobre a possibilidade de agir. Quem teve que fazer os shows de ontem, de hoje ou de amanhã ainda não sabe o que fazer com eles. Isso cria instabilidade em quem faz o show, mas também gera instabilidade nas pessoas que compram ingressos”, disse Rafaela Ribas.
Nesta mesma diretriz 014/2021, a DGCA afirma que na atual situação epidemiológica, qualquer evento imediato constitui um “risco crescente para a saúde pública”.
A Lusa solicitou à DGS, IGAC e ao Ministério da Cultura mais esclarecimentos sobre estas novas orientações, mas não obteve resposta atempada.
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