Juiz ordena libertação de cinco detidos em investigação de corrupção em Portugal

Por Catarina Demony

LISBOA (Reuters) – Um juiz de Lisboa ordenou nesta segunda-feira que as cinco pessoas detidas na semana passada por suspeita de corrupção e tráfico de influência, incluindo o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro de Portugal, sejam libertadas da custódia.

Eles continuam a ser suspeitos numa investigação levada a cabo pelo Ministério Público sobre alegadas ilegalidades no tratamento pelo governo de projetos de lítio e hidrogénio, bem como de centros de dados de grande escala.

A investigação levou à demissão na semana passada do primeiro-ministro António Costa, que foi alvo de uma investigação relacionada. Eleições instantâneas foram realizadas em 10 de março.

Os procuradores solicitaram a continuação da detenção do antigo chefe de gabinete, Vitor Escaria, e de Diogo Lacerda Machado, consultor empresarial e amigo de Costa.

Lacerda Machado foi libertado sob fiança de 150.000 euros (160.305 dólares), enquanto nenhuma fiança foi solicitada para Escaria, que será proibida de viajar para o estrangeiro, disse o tribunal, acrescentando que ambos eram suspeitos de alegado tráfico de influência.

O juiz retirou as acusações de corrupção e irregularidade contra cinco pessoas apresentadas pelos procuradores, levantando questões sobre a solidez do caso contra elas.

Manuel Magalhães e Silva, advogado de Machado, disse que a decisão do tribunal de retirar as acusações revelou “erros graves” no processo.

Outras três pessoas detidas no âmbito da investigação incluem o presidente-executivo do projecto do centro de dados, Afonso Salema, que o tribunal disse ser suspeito de tráfico de influência e oferta de benefícios indevidos. Um dos diretores do data center, Rui Neves, também foi acusado do mesmo crime.

Ambos foram libertados e o tribunal ordenou às autoridades que verificassem a sua residência.

Outros foram apontados como suspeitos oficiais na investigação, mas não foram detidos, incluindo o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o chefe da agência ambiental APA, Nuno Lacasta. Eles não compareceram ao tribunal.

O governo permanece totalmente funcional por enquanto, pelo menos até que o parlamento realize uma votação final sobre o orçamento de 2024 em 29 de novembro, mas Galamba apresentou a sua demissão na segunda-feira. Ele citou a necessidade de proteger a “paz de espírito” da sua família e disse que não se tratava de uma assunção de culpa.

“Apresentei a minha demissão apesar de entender que as condições políticas para o desempenho das minhas funções não estão esgotadas”, afirmou em comunicado, comprometendo-se a cooperar com o processo judicial.

A demissão de Costa também coloca em causa a sua posição como secretário-geral do Partido Socialista (PS), e quem vencer as eleições para a liderança do partido concorrerá ao cargo de primeiro-ministro.

O ministro do Interior, José Luis Carneiro, foi o primeiro a anunciar oficialmente a sua candidatura, e o antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, também entrou na corrida.

($1 = 0,9357 euros)

(Reportagem de Catarina Demony; edição de Andrei Khalip, Aislinn Laing, Christina Fincher e Deepa Babington)

Chico Braga

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