O mundo pode ter se acostumado com Ivanka e Jared na Casa Branca, mas os laços familiares estão causando um rebuliço na política portuguesa.
Após a remodelação do governo no mês passado, o gabinete agora é composto por um casal e um casal de pai e filha, provocando acusações de nepotismo da oposição.
A controvérsia abalou o governo socialista minoritário de Portugal no mês passado sobreviveu uma moção de desconfiança sobre uma recente onda de greves no setor público antes das eleições gerais de outubro.
O novo gabinete do primeiro-ministro António Costa inclui o ministro do Interior Eduardo Cabrita e a sua mulher, a ministra do Mar Ana Paula Vitorino, e a ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, filha do ministro do Trabalho, José António Vieira da Silva.
O escândalo está latente há algumas semanas, mas ganhou força na terça-feira, quando o jornal espanhol El País publicou um artigo contundente sobre as recentes nomeações após a oposição de Portugal ter como alvo a política de pessoal do governo.
“É a percepção que importa porque dá a impressão de que tudo que você precisa é de um parente para puxar as cordas para você seguir uma carreira política” – Luís de Sousa, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
“O Conselho de Ministros parece um jantar de Natal”, disse Rui Rio, líder do Partido Social Democrata (PSD) de oposição de centro-direita de Portugal. brincou na segunda-feira, acrescentando que ainda pior do que qualquer parente no gabinete é que os socialistas acham normal.
Os laços familiares no governo de Portugal não terminam ao nível do gabinete. Segundo o jornal português Jornal EconômicoVinte e sete pessoas com laços familiares, entre si ou com políticos socialistas de alto escalão, ocupam ou ocuparam cargos em instituições estatais durante o mandato de Costa como primeiro-ministro.
Há o recém-nomeado ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e a sua mulher, Ana Catarina Gamboa é Chefe de Gabinete de Duarte Cordeiro, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. A esposa de Cordeiro, Susana Ramos, por sua vez, foi nomeado gestão de um fundo público no início deste ano.
Segue-se Ana Catarina Mendes, a vice-secretária-geral do Partido Socialista, cujo irmão António Mendonça Mendes trabalha como secretário de Estado para as Finanças, enquanto a sua mulher, Patrícia Melo e Castro, é adjunta do primeiro-ministro.
Nuno Santos respondeu às críticas à nomeação da esposa no Facebook agência dos Correios, e disse que o público tem o direito de “querer garantir que posições de poder político não estejam sendo usadas para atender às necessidades de alguns deles e de suas famílias”. Mas ele argumentou que sua esposa era “uma pessoa de tremenda competência” e não merecia ser discriminada em sua carreira por causa de seu casamento.
Mas Luís de Sousa, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, disse que a nomeação de familiares prejudica a percepção pública da política.
“Embora a questão de um potencial conflito de interesses seja importante, pode não ser a mais importante. É a percepção que é importante porque dá a impressão de que você só precisa de um parente para puxar as cordas para ter uma carreira política”, disse.
Na nomeação de ministros, “onde não há concurso ou licitação, deve haver transparência e mostrar os méritos da pessoa para além dos laços familiares”, acrescentou. “Não basta dizer que uma determinada eleição é baseada na confiança política.”
Além disso, quando estes laços familiares são impopulares junto dos eleitores, “impedem a circulação e renovação da elite política”, disse Sousa.
A oposição de centro-direita de Portugal instou o governo socialista a explicar por que tantos parentes ocupam cargos de poder.
“Isso viola o princípio da imparcialidade. Não há paralelo em um governo democrático europeu com tantas ligações cruzadas em uma estrutura governamental”, disse Paulo Rangel, deputado português e vice-presidente do Grupo do Partido Popular Europeu, ao POLITICO. “O primeiro-ministro António Costa deve explicar este assunto.”
O bloco de esquerda, que apoia o Partido Comunista por trás do governo socialista no parlamento, também criticou a nomeação de Costa, embora de forma mais suave. A líder do bloco, Catarina Martins chamado apela ao governo para “pensar nos laços familiares” no poder executivo, acrescentando que “a democracia precisa de mais espaço para respirar”.
Os socialistas repeliram tanto seus aliados parlamentares quanto a oposição e defenderam as nomeações do gabinete.
Carlos César, Presidente e líder do Grupo Socialista – cujo filho Francisco é Líder do grupo dos socialistas na Assembleia Regional dos Açores — expressou surpresa à reação do bloco. Ele afirmou que “as conexões familiares são diretas e abundantes [the Bloc’s] Fração”, aludindo à presença de duas irmãs na festa.
O eurodeputado socialista Carlos Zorrinho disse que o foco da oposição no escândalo é um sinal de que as coisas estão indo bem em Portugal.
“Se este é o grande debate da oposição, é um sinal de que outras questões sociais e econômicas estão indo bem”, disse ele ao POLITICO. “A oposição está se concentrando nisso porque não tem margem de manobra em outras questões. É importante evitar um debate populista sobre esta questão”.
Mas o escândalo não parece estar indo embora. Mais laços familiares no governo vieram à tona esta semana.
Quando relatado O jornal Correio da Manhã noticiou esta terça-feira que Duarte Cordeiro – o secretário de Estado que já está sob escrutínio por ter contratado a mulher do ministro das Infraestruturas como chefe de gabinete – nomeou agora como seu conselheiro o filho de um deputado socialista.
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