Por FABIANO MAISONNAVE, Associated Press
RIO DE JANEIRO (AP) – A Comissão de Direitos Humanos do Senado do Brasil está enviando uma equipe para o território indígena Yanomami após denúncias de que uma menina indígena de 12 anos foi abusada sexualmente e assassinada.
Em postagem em sua conta no Twitter nesta terça-feira, o senador Humberto Costa, que preside a comissão, disse que o objetivo da viagem é garantir os “direitos invioláveis” dos indígenas.
Ainda não está claro como a equipe do Senado conduzirá sua investigação. A Associated Press tentou entrar em contato com o senador Costa por telefone e WhatsApp, mas não conseguiu falar com ele.
Relatos do crime provocaram indignação no Brasil, onde muitos já estavam preocupados com o tratamento dos Yanomami, cujo território na fronteira do Brasil com a Venezuela foi invadido por milhares de garimpeiros ilegais. Durante uma sessão do Supremo Tribunal na sexta-feira, um juiz pediu uma investigação e o presidente do tribunal chamou o caso de “muito grave”.
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O suposto crime foi denunciado pela primeira vez em 25 de abril por Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye’kwana. Em um vídeo postado nas redes sociais, ele acusou garimpeiros ilegais de serem responsáveis pelo crime.
Dois dias depois, a polícia federal voou para a remota comunidade de Aracaça. Mais tarde, o departamento disse em um comunicado que não encontrou evidências do assassinato de uma menina. No entanto, a liderança Yanomami disse em seu próprio comunicado que os garimpeiros forçaram os moradores a negar o assassinato.
“O estupro e a morte se tornaram comuns nas áreas densamente povoadas da terra indígena Yanomami”, disse Carlos Fausto, antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à AP por mensagem de texto.
Fausto se referiu a um relatório “Yanomami Sob Ataque” divulgado no mês passado pela Associação Hutukara Yanomami. Ele cita uma mulher Yanomami não identificada dizendo que houve três estupros e assassinatos de adolescentes indígenas desde 2020.
Grupos de defesa ambiental e indígena estimam que existam atualmente cerca de 20.000 garimpeiros ilegais em território Yanomami, aproximadamente o tamanho de Portugal. O governo do presidente Jair Bolsonaro afirmou que há muito menos, apenas 3.500 invasores. A população indígena total é de cerca de 29.000, de acordo com a Associação Hutukara.
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