Um dos primeiros inventores da fotografia tinha um truque engenhoso para evitar que suas imagens fossem superdesenvolvidas, dizem os cientistas

Os cientistas reexaminaram recentemente três dos mais antigos artefatos fotográficos sobreviventes na América.

A obra de Hercule Florence está a ser estudada no laboratório HERCULES da Universidade de Évora. Foto: Jorge Simão.

Um pioneiro da fotografia pode ter usado urina para criar suas imagens históricas.

Essa foi uma das descobertas feitas por um grupo de especialistas em conservação do Brasil, Portugal e Estados Unidos ao reexaminar uma série do que se acredita serem os mais antigos artefatos fotográficos sobreviventes na América, todos datados do artista do século XIX, aventureiro e inventor Hercule Florence.

Florence, um franco-italiano-monegasco radicado no Brasil, foi um dos primeiros a usar produtos químicos para fixar permanentemente as imagens no papel. Suas inovações neste campo precederam as de Louis Daguerre e Henry Fox Talbot, dois cientistas amplamente creditados com o desenvolvimento da tecnologia fotográfica, mas vieram depois das inovações revolucionárias de Nicephore Niépce.

Em contraste com os dois cientistas, que receberam grande atenção internacional em sua época, Florence permaneceu comparativamente não reconhecida por seu trabalho. Felizmente, suas atuações agora ganham ainda mais brilho.

No laboratório HERCULES da Universidade de Évora, em Portugal, pesquisadores aplicaram recentemente uma série de técnicas analíticas a três impressões gráficas sobreviventes de Florença: uma borda decorativa para um diploma maçônico e dois modelos de design para rótulos de farmácias. Todos os três objetos têm quase dois séculos de idade.

Fotomicrografias revelaram que o papel que Florence usou para criar as imagens era semelhante ao que ele havia encontrado em experimentos anteriores. A fluorescência de raios-X, entretanto, mostrou que o nitrato de prata ou cloreto de prata foi usado para o desenho do diploma e cloreto de ouro para rótulos de farmácia. Esses materiais se mostraram críticos para a busca do inventor não apenas para capturar a luz, mas também para registrá-la permanentemente.

Os primeiros estudos de Thomas Wedgwood e outros provavelmente levaram a Florence usando papéis revestidos com produtos químicos fotossensíveis. Em cima disso ele colocou pedaços de vidro enegrecido com desenhos gravados.

Esse processo criou uma imagem positiva, mas ele ainda precisava de uma maneira de evitar que a imagem escurecesse ainda mais quando exposta à luz. Para esta solução, ele experimentou alguns materiais não convencionais.

Usando uma técnica chamada espectroscopia ATR-FTIR, os pesquisadores identificaram uma quantidade maior de proteína nos rótulos das farmácias – um achado que sugere a presença de urina. Em outras palavras, para evitar que suas pinturas se revelassem, Florence fez xixi nelas.

Para especialistas em conservação, esta descoberta é uma prova da engenhosidade do cientista do século 19 trabalhando sem os recursos de seus contemporâneos europeus.

“O que Hercule Florence conseguiu é verdadeiramente uma pré-história da fotografia” disse Art Kaplan, um cientista associado do Getty Conservation Institute em Los Angeles, que co-liderou o esforço de pesquisa com António Candeias do Laboratório HERCULES. “Ele estava um passo à frente e usou certos elementos que são comumente usados ​​no processo fotográfico.”

As fotos analisadas, acrescentou Kaplan, “acreditam ser as únicas sobreviventes desse período”.

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Isabela Carreira

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