Centros de saúde carecem de “quase tudo”

Estudo mostra ‘escassez sem precedentes de materiais vitais’

Num ano em que o governo prometeu “o maior orçamento de sempre” para o SNS (serviço nacional de saúde) de Portugal, a escassez de bens essenciais para garantir o funcionamento dos serviços atingiu níveis sem precedentes.

Este é o primeiro parágrafo de um texto do Expresso hoje, numa altura em que o Ministério da Saúde parece estar a recuperar do abismo.

Ontem à noite, os sindicatos dos médicos começaram a analisar as letras miúdas do último acordo salarial que lhes foi apresentado, enquanto hoje o Primeiro-Ministro, António Costa, se reúne com o CEO da “Direção Executiva” do serviço de saúde – um homem que se acredita estar no à beira de alguém por frustração porque nada funcionou como deveria, renuncie.

Não é apenas porque os hospitais de todo o país estão a ser prejudicados pelas horas extraordinárias dos sindicatos de médicos, mas também porque os próprios centros de saúde estão persistentemente subequipados.

Um estudo realizado em 615 Unidades Nacionais de Saúde Familiar (USF) concluiu que “a escassez de bens essenciais aumentou para o nível mais elevado dos últimos 13 anos” (há 13 anos foi a última vez que tal inquérito foi realizado).

96% dos inquiridos (e a resposta foi a mais elevada de sempre, com 79%) atestaram “falta de material considerado essencial para a atividade normal ao longo do ano”.

“Metade das unidades sofreu escassez mais de 10 vezes por ano” (o que significa que os fornecimentos vitais acabaram, na verdade, 10 vezes durante o ano).

O Expresso descreve o tipo de material que mais frequentemente “sai”: “Otoscópios (para olhar nos ouvidos), balanças, frigoríficos, termómetros, soros, gazes, seringas, contraceptivos, vacinas, medicamentos em geral, papel, toner e escritório Material”.

O estudo conclui que “as Administrações Regionais de Saúde (ARS), os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e as Unidades Locais de Saúde (ULS) não têm capacidade para fazer face aos problemas que se agravaram”.

“As consequências do incumprimento recaem sobre os utentes”, conclui o estudo, acrescentando que isso pode significar que “os utentes tenham de esperar pelo menos 48 horas para receber os cuidados de que necessitam por falta de materiais”.

“E quando não faltam materiais, os computadores e os telefones falham, afetando o atendimento dos mais de sete milhões de portugueses inscritos nos centros de saúde da USF.

“Nenhuma USF tem as suas aplicações informáticas sempre disponíveis” e “Este ano houve ainda mais falhas informáticas do que no ano passado.” Quase 96,5% das (respostas ao estudo) confirmaram o impacto negativo na qualidade dos cuidados de saúde. “

O relatório do Expresso inclui gráficos de “quebras de stock” e “insatisfações” registadas pelo público em geral e aborda a “insuficiência de instalações” que ou são inadequadamente higiénicas ou apresentam outras deficiências, tais como: B. sem aquecimento/ar condicionado. O estudo também esclarece as dificuldades profissionais dos colaboradores que se sentem “sobrecarregados” e “subestimados”.

“Os autores do estudo culpam a administração local mais centralizada”, diz o jornal. No entanto, antecipam que a Direcção Executiva – que foi criada há mais de um ano, mas desde então está paralisada devido à falta de “estatutos” – poderá ser capaz de inverter a situação depois de os estatutos serem publicados às pressas.

Os autores do estudo apresentam 12 propostas de alterações na gestão do serviço de saúde do país, e essas alterações estarão entre os temas discutidos hoje entre o Primeiro-Ministro e o CEO da Direção Executiva, Fernando Araújo.

Noutro lugar, porém, o Expresso refere-se a um dos seus podcasts em que o antigo presidente parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, afirma: “Não sei qual é a mentalidade profunda do Presidente da República, mas as sondagens dizem que pode haver uma. “Dissolução (do Parlamento)” – tal é a insatisfação geral a tantos níveis no país.

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Marco Soares

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