Menir de 5.500 anos descoberto em Portugal

É um menir de 5.500 anos (ou seja, cerca de 3.500 a.C.) descoberto na cidade de São Brás de Alportel no distrito de Faro, Algarve, Portugal.

Um menir é um monumento de pedra pré-histórico vertical único, semelhante a uma estela, muitas vezes polido em uma forma fálica. São um dos primeiros monumentos de pedra da história da humanidade e os primeiros na Europa a ter uma função religiosa. Na prática simbolizavam a fertilidade dos animais, das pessoas ou da terra, daí a sua forma.

O arqueólogo António Faustino de Carvalho fez o anúncio em frente ao que hoje é o menir do Monte do Trigo, que foi o foco das escavações que supervisionou durante uma semana em agosto. Esta é a primeira escavação arqueológica da história do concelho de So Brás de Alportel.

A primeira escavação arqueológica da história do concelho de São Brás de Alportel começou a 14 de agosto de 2021, depois de um residente em busca de trilobitas (fósseis) ter descoberto um possível menir no topo do Monte do Trigo, na zona dos Machados.

A Direção Regional de Cultura do Algarve estabeleceu uma parceria com a Câmara Municipal de São Brás de Alportel e a Universidade do Algarve (UAlg).

Quando o professor e arqueólogo António Faustino Carvalho se deparou com o objeto, disse ter “imediatamente 95 por cento de certeza de que estávamos perante um menir”, afirmou na passada sexta-feira, 18 de agosto, ao apresentar aos jornalistas os resultados preliminares do trabalho de campo.

Foto: João Lázaro

Junto ao monumento em pedra, explicou que se tratava de um menir de particular importância para o sotavento algarvio e de interesse regional. «A sua forma, matéria-prima (calcário) e dimensões são as mesmas das dezenas de menires neolíticos que já conhecemos no Barlavento, em Aljezur, Lagoa, Lagos e Vila do Bispo. Não temos conhecimento de ninguém fora dessas congregações.”

Mas essa não é a única peculiaridade do achado arqueológico: é também o primeiro menir calcário descoberto no Sotavento Algarvio, com características que o situam no período Neolítico (há 5500 anos, ou seja, cerca de 3500 a.C.).

Professor António Faustino Carvalho: “No Sotavento, em Loulé e Salir existe, por exemplo, o menir do Cerro das Pedras descoberto por Estácio da Veiga no século XIX, no Lavajo, em Alcoutim existe também um complexo de menires.”, o também está aberto ao público.

Mas “estes são os únicos exemplos que temos no Sotavento de estruturas semelhantes a esta, mas aqui a palavra-chave ‘semelhantes’ é porque não são exactamente iguais”. Configurações mais ou menos troncocônicas, prismáticas ou com morfologia irregular, não com essa morfologia fálica”, disse.

Arqueólogo António Faustino de Carvalho com o presidente da Câmara Vítor Guerreiro – Foto: Elisabete Rodrigues | Para informação

Provêm também de “um período posterior da pré-história, do Calcolítico ou da Idade do Cobre, têm cerca de 5.000 anos”, ou seja, pelo menos cinco séculos mais velhos. mais recente que o menir do Monte do Trigo.

O menir do Monte do Trigo «teve a sorte de estar parcialmente coberto de terra e, sendo volumoso, terá resistido mais à intervenção humana e à influência do tempo».

Este menir já não se encontra no local original onde teria sido erguido para assinalar o território das gentes que viviam na encosta e no vale do sopé da serra há 5500 anos na zona hoje denominada Machados, na orla da serra. EN2.

Embora esteja hoje, originalmente ficava na vertical, marcando a área, provavelmente no topo da colina, talvez com outras pedras monolíticas próximas.

Quanto ao destino futuro do menir do Monte do Trigo, estão agora a ser elaborados um relatório e um estudo topográfico e tomada a decisão sobre o que fazer com o monumento.

Foto da capa: Elisabete Rodrigues | Para informação

Isabela Carreira

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