Vulcanologistas procuram respostas enquanto a ilha dos Açores portugueses continua a tremer

  • Ilha dos Açores prepara-se para possível desastre natural
  • Vulcanologistas monitoram gás subterrâneo em busca de atividade vulcânica
  • Presidente de Portugal visita a ilha
  • Soldados enviados a São Jorge para montar tendas de evacuação

SÃO JORGE, Portugal, 27 de março (Reuters) – Fátima Viveiros era criança quando decidiu se tornar vulcanóloga. Foi um sonho realizado e agora, aos 44 anos, ele está usando suas habilidades para proteger sua casa nos Açores, em Portugal.

A fértil ilha vulcânica de São Jorge, no meio do Atlântico, onde ele cresceu, foi abalada por mais de 14.000 pequenos terremotos nos últimos sete dias.

Viveiros e outros especialistas temem que o terremoto, que chegou a 3,3 graus na escala Richter, possa desencadear uma erupção vulcânica pela primeira vez desde 1808, ou um forte terremoto. Consulte Mais informação

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“Minha casa está localizada em um sistema vulcânico ativo”, disse Viveiros, que trabalha para o centro de vigilância sismo-vulcânica CIVISA da região.

“Quando (algo acontece) em nossas casas, definitivamente temos um pouco de sangue frio, então nossos sentimentos não afetam nosso pensamento”, acrescentou. “Mas o sentimento está lá porque esta é a minha casa, meu povo.”

Viveiros carrega um motor amarelo nas costas para medir querosene em São Jorge.

Gases de querosene, como dióxido de carbono e enxofre, são indicadores de atividade vulcânica, e Viveiros e sua equipe lutam há dias contra a chuva e os ventos fortes de São Jorge em busca de respostas. Até agora os níveis continuam normais.

O aumento repentino da atividade sísmica na ilha lembra os terremotos detectados antes da erupção do vulcão Cumbre Vieja no ano passado, na ilha espanhola de La Palma, cerca de 1.400 km (870 milhas) a sudeste dos Açores.

Ao longo de 85 dias, a erupção destruiu milhares de propriedades e plantas. Consulte Mais informação

Viveiros, que na época viajou para La Palma para apoiar o Instituto de Vulcanologia das Ilhas Canárias e monitora o gás do solo lá, disse que o sistema vulcânico de São Jorge era semelhante ao da ilha espanhola.

“Um cenário possível é que vejamos algo semelhante ao que aconteceu em La Palma”, acrescentou.

Outra equipe de especialistas espanhóis e internacionais está pronta para viajar para São Jorge, se necessário, disse Viveiros.

A CIVISA elevou seu alerta de vulcão para o nível 4 na quarta-feira, o que significa que há uma “possibilidade real” de o vulcão entrar em erupção. Consulte Mais informação

José Bolieiro, presidente dos Açores, que é a região autônoma de Portugal, disse que o número de terremotos que atingiram São Jorge nos últimos dias foi o dobro do registrado na região como um todo no ano passado.

“Claramente há anormalidades”, disse ele a repórteres.

Embora as autoridades digam que a erupção não acontecerá, cerca de 1.500 pessoas fugiram da ilha por via aérea ou marítima nos últimos dias. Muitos não sabem quando poderão voltar. Consulte Mais informação

Chegando de helicóptero, o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa visitou São Jorge no domingo para participar de um briefing sobre a situação e acalmar os moradores locais. Ele também visitou uma torre histórica que sobreviveu à erupção de 1808.

Ainda no domingo, Rebelo de Sousa interagiu com moradores da Calheta, uma localidade na zona oriental da ilha onde as pessoas procuram segurança. A maior parte da atividade sísmica ocorre no lado oeste de São Jorge.

Bebeu bebidas alcoólicas tradicionais açorianas, beijou e abraçou membros da multidão e tirou selfies com eles.

Dezenas de soldados foram mobilizados para São Jorge onde estão alojados em grandes tendas com camas que podem acomodar 100 pessoas em caso de evacuação. A Câmara Municipal de São Jorge também converteu várias instalações em centros de acolhimento temporários.

Enquanto os soldados trabalhavam atrás dele, o major Rodolfo Romeiro disse à Reuters que mais recursos seriam enviados para a ilha na próxima semana.

“Nossa missão é ajudar a população”, disse Romeiro. “Nesta situação a motivação (das forças armadas) é ainda maior.”

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Reportagem de Catarina Demony, Guillermo Martinez e Pedro Nunes; Editado por Pravin Char e Paul Simão

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Fernão Teixeira

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